Em estreia da MLS no Mundial, ex-Bota João Paulo fala da expectativa por duelo com Real (e Flamengo)
João Paulo teve uma lesão ligamentar no joelho direito no dia da final, que quase ameaçou a sua participação agora.
João Paulo no Internacional, em 2011 — Foto: Agência Estado
Vínculo com empresário de Ibrahimovic e Haaland, carinho de Santa e Botafogo, lesão na final da Concachampions... brasileiro do Seattle relembra carreira em papo com Danny Morais; escute
Por Marjourie Corrêa, Com Danny Morais — Recife
Primeiro time da MLS a disputar um Mundial de Clubes, o Seattle Sounders estreia neste sábado com três brasileiros no elenco - além do uruguaio Lodeiro, ex-Botafogo e Corinthians, hoje o principal destaque da equipe. Dentre o trio, está o meio-campista João Paulo, com passagens de destaque por Botafogo e Santa Cruz.
Ele participou do podcast Embolada com o amigo e ex-companheiro de profissão Danny Morais (escute abaixo), onde, entre outros assuntos, fala sobre a possibilidade de enfrentar Real Madrid, na semifinal, e até mesmo o Flamengo (numa hipotética classificação para a final da competição).
Campeão da Concacaf em 2022 pela primeira vez, a equipe norte-americana bateu o Pumas, pôs fim à hegemonia mexicana e ganhou o direito de disputar o Mundial (Héber, ex-Figueirense e Avaí, e Léo Chú, ex-Grêmio e Ceará, são os outros brasileiros do elenco). Apesar do título bastante celebrado, João Paulo teve uma lesão ligamentar no joelho direito no dia da final, que quase ameaçou a sua participação agora.
Este é um dos assuntos da entrevista ao ge, onde o meio-campista de 31 anos relembra momentos marcantes da carreira, histórias curiosas da base no Internacional, mudança de posicionamento tático, amadurecimento no futebol e mais.
Veja abaixo os alguns tópicos do papo:
Impasse na base do Internacional
"Eu estava prestes a fazer os 16 anos, na fase de contrato profissional, me vinculei ao empresário Mino Raiola, que faleceu há pouco tempo. Ele era muito conceituado, mas tinha uma fama de levar jogadores para a Europa, e isso foi um motivo de desconfiança por parte do Inter, que me deu dois caminhos: ou eu negociava com o Inter sem o Mino Raiola ou seguia com ele fora do clube".
- Nessa época fiquei acho que oito a dez meses sem jogar por conta dessas conversas. Basicamente um ano perdido na base, vinha me destacando muito, e acabou atrasando um pouco desse processo de amadurecimento. Mas no final deu tudo certo, acabei permanecendo no Inter, me desvinculei do empresário e a minha carreira seguiu.
Arrependimento de ter ficado no Brasil na época?
- É muito fácil se arrepender quando não dá certo. Pra mim deu certo, Não penso de ter escolhido de forma diferente. Eu optei pelo Inter porque era uma garantia de, pelo menos, três ou quatro anos de contrato com o clube que me formou.
"O empresário me prometia jogar num grande clube da Europa, mas não tinha nada garantido. Ele era empresário do Ibrahimovic, Balotelli, era muito falado em clubes como Milan, Inter de Milão, e ele me citava na Juventus, enfim... Grandes clubes da Europa.
- Talvez, se eu fosse um menino que se ilude mais fácil, teria ido. Mas eu por ter uma uma formação e a minha família por perto, consegui pensar bem e optei por permanecer no Inter e não me arrependo disso.
Idolatria com títulos no Santa Cruz
"Saí do Goiás em 2014 sem jogar e machucado. Cheguei em 2015 ao Santa Cruz com um pé atrás, porque, preciso ser honesto, não é um clube estruturado, e eu tinha vindo do Inter, que tinha uma grande estrutura".
- Lembro que tivemos um começo difícil, perdendo os primeiros jogos contra o Sport e Serra Talhada. Foi no jogo contra o Central que tudo mudou. Ganhamos, marquei um gol. Tudo começou a partir dali, contra o Central, em Caruaru.
Ativar somAtivar som
De férias, João Paulo e Danny Morais relembram passagem no Santa Cruz
Mudança tática com Milton Mendes no Santa
- A partir do momento que você vai ficando mais maduro e vai adquirindo entendimento de jogo, você consegue se adaptar a determinadas funções, e Milton era muito chato com essa questão de tática, de posicionamento. Cobrava de uma forma bem dura, principalmente na posição do meio-campista, que era o que eu fazia. Desempenhei a função de volante, e eu acho que fiz muito bem o campeonato inteiro (Série A de 2016).
Lesão séria no Botafogo
- No momento da lesão, não passa nada na cabeça, porque você não tem noção do que aconteceu. Quem vê de casa, com o replay, consegue ter uma ideia melhor.
"Quando eu caio no chão que eu sou atendido, eu já tento voltar para o jogo, porque achei que tinha sido só uma pancada na região da canela. Mas aí eu tento pisar no chão e sinto uma dor insuportável."
- Cheguei no vestiário, meu corpo começou a tremer de uma maneira que não consegui controlar. Foi quando tive a noção. Foi um choque, um baque. Horas de sofrimento.
Dúvidas sobre retornar em alto nível
- Depois da cirurgia é que comecei a pensar mais na recuperação, com o tempo que eu ia levar para voltar. É um processo muito lento de colocar o pé no chão, fazer fisioterapia. Confesso que até o quinto mês eu ainda tinha muita desconfiança, mancava muito.
"Era horrível ver as imagens de como eu mancava, eu pensava que não ia conseguir voltar a ser o atleta que eu era. Depois de alguns meses de ter voltado a jogar, foi quando eu comecei a me sentir bem"
Escolha pelo Seattle Sounders
- Quem acompanha futebol pelo mundo sabe que a liga de futebol do país é muito forte e extremamente competitiva. A próxima Copa do Mundo vai ser nos Estados Unidos, o que atrai mais olhares e investimentos.
"E era um desafio diferente que eu já vinha buscando, que era jogar fora. Obviamente você sonha com Europa, mas o Seattle é o maior campeão da liga e tinha sido campeão no ano anterior quando cheguei.
Lesão no final da Concacaf
- Foi uma nova lesão séria, com mais oito meses longe dos gramados, mas para essa lesão do joelho eu já tive um pouco mais de paciência, principalmente por ter vivido outra lesão em 2018. Já estava mais maduro. Para mim foi difícil segurar a emoção porque o clube foi campeão, mas eu estava lesionado, então ao mesmo tempo que eu ficava tocado, tentava não transparecer para os colegas de clube aquela situação.
Em um processo de superação diária, faltando um dia para a estreia no Mundial, João jogou 45 minutos no último amistoso, na Espanha, onde o Seattle fez a preparação para o Mundial em Marrocos.
O Mundial
- Na minha cabeça estava bem claro esse desejo de recuperação para poder disputar o Mundial, porque a gente sabe que depois dos 30 anos é difícil chegar numa situação de jogar um Mundial de Clubes. O primeiro jogo não vai ser nada fácil. A gente fala de Real Madrid e Flamengo, mas todos os jogos da competição vão ser complicados. Mas os dois times são muito fortes, com boas peças.
O primeiro confronto do Seattle é no sábado, às 14h30, contra o Al Ahly, no estádio Ibn Batouta. Se passar de fase, encara o Real Madrid pela semifinal.
https://ge.globo.com/pe/futebol/noticia/2023/02/03/em-estreia-da-mls-no-mundial-ex-bota-joao-paulo-fala-da-expectativa-por-duelo-com-real-e-flamengo.ghtml
Comentários