Em carta, Ronaldo Granata oficializa renúncia à vice-presidência do Cruzeiro Documento foi endereçado e José Dalai Rocha e abre espaço para que conselho gestor assuma a direção do clube; assessor de Granata confirma oficialização da saída do gestor Por Gabriel Duarte — de Belo Horizonte [caption id="attachment_158089" align="alignleft" width="300"] Ronaldo Granata - Foto: William Delfino/CMBH[/caption] O caminho está cada vez mais aberto para que um conselho gestor assuma o Cruzeiro. No início da tarde desta quarta-feira, Ronaldo Granata, segundo vice-presidente do clube, oficializou, por meio de carta, a renúncia ao cargo. O documento foi endereçado a José Dalai Rocha, presidente do Conselho Deliberativo, e já está nas mãos também do presidente Wagner Pires de Sá (veja o documento abaixo). Apesar de a carta não falar diretamente sobre a renúncia de Granata, o assessor do agora ex-vice-presidente do Cruzeiro confirmou que o documento foi uma oficialização da saída do gestor: - Não tenho interesses pessoais. Se não posso contribuir, como era meu desejo, para reconstrução do nosso clube, levando-o de volta ao lugar da grandeza que sempre ocupou, não serei obstáculo. "Se a opção for por novos gestores no Cruzeiro, serei o primeiro a desejar sucesso, para o bem do clube" A saída de Ronaldo Granata era vista como o maior empecilho para que o Cruzeiro mudasse os rumos da gestão, que faz o clube passar pela mais grave financeira da história. Na segunda-feira, Dalai Rocha se reuniu com Wagner Pires de Sá e os vices Hermínio Lemos e Ronaldo Granata em busca de uma renúncia coletiva do trio, eleito em 2017, para que um grupo de empresários cruzeirenses e com boas condições financeiras pudessem gerir o clube. Na terça, Dalai afirmou que o cenário era esperançoso. Wagner Pires e Hermínio Lemos, segundo o presidente do Conselho Deliberativo, mostraram “desprendimento” dos cargos. Ronaldo Granata, no entanto, disse que não aceitaria renunciar, pelo fato de não ter o nome envolvido em nenhuma denúncia de corrupção sobre a gestão. Logo depois da declaração de Granata, Dalai Rocha tomou a decisão de convocar para o início de janeiro uma assembleia extraordinária, visando o impedimento de toda a chapa eleita e a construção do conselho gestor. Diante desse cenário, o a pressão sobre Ronaldo Granata aumentou. Na noite dessa terça-feira, cerca de 100 torcedores protestaram em frente à sede do Cruzeiro e à casa do vice, com gritos e faixas em tom de ameaça, caso ele não renunciasse. Com tudo isso, o dirigente reviu a posição – até então irredutível – e decidiu abrir mão do cargo. Agora, para que o conselho gestor possa assumir o Cruzeiro, Wagner Pires de Sá e Hermínio Lemos também precisam oficializar a renúncia. Dois dos três empresários dispostos a formar o conselho gestor são: Pedro Lourenço, dono de uma rede de supermercados, e Emílio Brandi, dono de uma rede de atacadista e sobrinho do ex-presidente Felício Brandi. A íntegra da carta Prezado senhor, O CRUZEIRO PRIMEIRO Meu foco sempre foi e sempre será o Cruzeiro. Por essa razão, eu me afastei da diretoria tão logo percebi os rumos e as práticas implementadas e passei a alertar para os riscos que o Cruzeiro estava correndo. E tudo se confirmou. Não fui e nem sou investigado. Jamais tive a polícia na minha porta. E nunca compactuei com malfeitos no clube. Mas sou hoje vítima de uma campanha difamatória, infame e injusta, por parte de pessoas que se omitiram ou foram coniventes quando ainda era o tempo de evitar o pior. Não tenho interesses pessoais. Se não posso contribuir, como era meu desejo, para reconstrução do nosso clube, levando-o de volta ao lugar da grandeza que sempre ocupou, não serei obstáculo. Se a opção for por novos gestores no Cruzeiro, serei o primeiro a desejar sucesso, para o bem do clube. Continuarei, como torcedor que sempre fui, apoiando meu time, ao lado da torcida que sempre respeitei. Atenciosamente, Ronaldo Granata, segundo vice-presidente do Cruzeiro