Maria Fernanda Cândido fala da vida na França, de projetos inspirados em Clarice Lispector e cita curiosidade de premiação
Mas a artista está ambientada à vida na Cidade Luz, principalmente se o assunto é trabalho
Atriz mora em Paris há sete anos com a família
Por Thayná Rodrigues — Rio de Janeiro 30/11/2024
Maria Fernanda Cândido trará a peça 'Clarice, ballade au-dessus de l’abîme' — Foto: Daniela Pe-trel/Vira Comunicação
Maria Fernanda Cândido, recém-premiada como Melhor Atriz no Festival de Siena, na Itália, pelo filme “A paixão segundo G.H.”, inspirado no livro de Clarice Lispector (1920-1977), trará em janeiro para o Brasil a peça “Clarice, ballade au-dessus de l’abîme”, que já apresentou em Paris, onde vive há sete anos.
“Eu estou preparando o monólogo em português. Vai estrear em São Paulo, mas eu e Sonia Rubinski (pianista) queremos levar ao Rio e a Recife, onde Clarice foi criada”, adiantou ela, que em seguida brincou com a saudade do clima no Brasil: "Por aqui tem feito dias nublados. Saudade de pegar esse sol".
Mas a artista está ambientada à vida na Cidade Luz, principalmente se o assunto é trabalho. Há alguns dias, a paranaense apresentou na rádio francesa France Culture um trecho do último livro de Clarice Lispector, “Água viva”.
“Fui convidada por conta da nova tradução desse livro. O motivo principal da minha alegria é que a gente acaba levando mais de Clarice para o público francês. Eles estão num momento de grande interesse e descoberta, porque há uma geração mais jovem que não a conhecia. O que mais me encanta na sua escrita é o trabalho com questões ordinárias da vida. Ela transforma o cotidia-no simples em algo extraordinário”, elogia a atriz.
Também foi de lá que ela partiu com agilidade para receber o prêmio, na Itália, pelo filme de Luiz Fernando Carvalho.
"Dias antes eu estava dizendo à produção que agradecia, mas não poderia ir por conta de com-promissos de trabalho, mas insistiram. Então, peguei um voo de manhã e cheguei lá (a Siena) umas horas depois. Quando anunciaram o prêmio de Melhor Atriz, fiquei muito feliz. Então voltei, sentei de novo no meu lugar, fiquei olhando para ele... A gente não faz filme pensando em ganhar prêmio, né? Até que escutei ao fundo novamente o nome do filme, as pessoas começaram a me-xer no meu ombro.. E elas avisaram que o filme também tinha vencido (risos). Eu estava distraída", diverte-se atriz, ao citar bastidores da premiação de 18 dias atrás.
Aliás, com uma discrição rara, a atriz levou alguns dias para repercutir a premiação em suas redes sociais. À coluna, ela conta que tem uma relação comedida com a internet:
"Não dá tempo de postar tanto. Eu não consigo ou não tenho essa habilidade toda. Às vezes posto, se consigo uma foto ou outra. Não tenho equipe. Sou eu mesma, sim, que faço".
Um 2025 de grandes projetos
Dois mil e vinte e cinco será mais um ano importante para a carreira da atriz, período em que ela trará seu monólogo e em que será lançado o esperado longa "O agente secreto", de Kleber Men-donça Filho. Foi este o trabalho que a trouxe de volta ao Brasil por uma temporada, embora a residência continue à sua espera em Paris.
"Continuo indo e vindo. Fico nesse movimento, nesse deslocamento. Dá um certo trabalho. Mas é assim que a minha vida tem sido nos últimos anos. Não fico fixa num único lugar. Rodei uma série no Uruguai dois anos atrás, no meio deste ano rodei o filme em Recife...", conta Maria Fernanda, que viverá Elza, uma mulher misteriosa, no filme que tem também Wagner Moura, Gabriel Leone e Alice Carvalho no elenco.
https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2024/11/maria-fernanda-candido-fala-da-vida-na-franca-de-projetos-inspirados-em-clarice-lispector-e-cita-curiosidade-de-premiacao.ghtml
Comentários