Poupança tem a maior entrada de recursos para agosto em dez anos

No acumulado do ano, captação soma R$ 23,7 bi, a maior desde 1995.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A queda no rendimento da caderneta de poupança neste ano, resultado da alteração das regras e dos cortes sucessivos na taxa básica de juros promovidos pelo Banco Central, não tem afugentado os investimentos.

Dados da autoridade monetária divulgados nesta quinta-feira (6) mostram que as captações (depósitos) superaram as retiradas em R$ 3,49 bilhões em agosto deste ano. Trata-se do maior resultado, para este mês, desde 2002, quando ficara em R$ 3,96 bilhões.

Na comparação com agosto do ano passado, quando foi registrado o ingresso líquido (captações menos retiradas) de R$ 2,22 bilhões, o aumento foi de 57,2%.  A série histórica do BC para a poupança tem início em 1995.

No mês passado, ainda segundo informações do Banco Central, os depósitos na caderneta somaram R$ 107,82 bilhões, enquanto as retiradas totalizaram R$ 104,32 bilhões.

Acumulado do ano e saldo da poupança
No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o BC informou que os depósitos na caderneta de poupança superaram as retiradas em R$ 23,73 bilhões. Este é o maior ingresso para os oito primeiros meses do ano de toda a série histórica do banco, que começa em 1995. O recorde anterior havia sido registrado em 2010, de R$ 20,89 bilhões.

De acordo com o BC, no acumulado do ano, a maior parte do dinheiro entrou na caderneta somente após as alterações nas regras de remuneração da poupança, anunciadas pelo governo federal em 3 de maio, com validade a partir do dia seguinte (4 de maio). Do total de R$ 23,73 bilhões de ingresso do primeiro semestre, R$ 18,48 bilhões foram registrados após a mudança. 

No fim de agosto, o volume total de recursos que estavam depositados na mais tradicional modalidade de investimentos do país somou R$ 465 bilhões. No fim do ano passado, este valor estava em R$ 420 bilhões. Além dos ingressos líquidos de recursos, os rendimentos depositados pelos bancos também influenciam o saldo da poupança.

Novas regras e cortes nos juros
Pelas novas regras definidas pelo governo federal, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial (TR).

Esse novo formato de rendimento da poupança foi aplicado, porém, somente quando a taxa básica de juros, definida pelo Banco Central, atingiu 8,5% ao ano – acionando o chamado "gatilho" para a mudança.

Pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a poupança não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. A nova regra vale somente para depósitos feitos de 4 de maio em diante. A modalidade continua isenta do Imposto de Renda e sem a cobrança de taxa de administração.

Atualmente, após nove cortes sucessivos por parte do BC, os juros básicos da economia estão em 7,5% ao ano – o menor valor da série histórica. Com isso, o rendimento da caderneta de poupança passou a ser de 5,25% ao ano mais TR.