EFEITO MULTIPLICADOR
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), a Indústria da Transformação foi o setor que mais cresceu no ano passado, fomentada pelos segmentos de calçados e couros, têxtil e refino de petróleo e álcool, totalizando um incremento de 5,62 %. É esse o setor que gera maior confiança, segundo os especialistas, quando se projeta o cenário econômico do Ceará em dez anos.
Mesmo tendo começado a apresentar melhora apenas nos três últimos trimestres, o segmento é responsável por 60% de todo o produto industrial e tem peso no crescimento do Estado. "É uma área importante até para alavancar a competitividade, porque é a que mais incorpora melhorias e reflete, também, em outros setores", avalia o economista e diretor de estudos técnicos do Ipece, Adriano Sarquis.
Para a próxima década, é a implantação do polo metal mecânico do Estado, na visão do economista, que deve repercutir de maneira positiva no crescimento econômico. "O Complexo (Industrial e Portuário) do Pecém vai ser um grande irradiador de crescimento para o Ceará, e isso é importante para integrar as outras regiões do Estado", adianta. Essa integração, segundo Sarquis, deve estimular o aparecimento de indústrias relacionadas à siderurgia e à metalurgia em diversos municípios do Estado, promovendo a interiorização da economia.
Gestão
Sarquis ressalta, ainda, a mudança da gestão estadual como um ponto delicado para a manutenção do desenvolvimento superior ao índice nacional. "O planejamento das ações de governo e o compromisso com a responsabilidade fiscal são os maiores desafios", atesta.
Na visão do economista e diretor de Ciência e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Lima Matos, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, concentra o grande potencial de crescimento para a próxima década. A refinaria Premium II, que teve a operação adiada para 2019, também terá papel importante nos próximos dez anos. "Só os trabalhos de construção da estrutura já vão causar grande impacto positivo", avalia.
Refinaria tem maior peso
Já o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Roberto Sérgio Ferreira, não encara o crescimento do setor com muito otimismo, caso os atrasos da refinaria tomem proporções maiores.
"Sem refinaria, eu imagino a indústria do Ceará simplesmente capenga. É uma grande dúvida se ela vai chegar ou não. Segundo analistas econômicos, com a refinaria produzindo, o PIB do Ceará dobraria. O restante é o crescimento vegetativo. Sem uma atividade econômica de base sólida, não se modifica o perfil do Ceará em dez anos".
Para Roberto Sérgio, a solução para um crescimento representativo no setor industrial seria o investimento diferenciado no Nordeste por parte do governo federal. "A economia do Estado é muito pautada na indústria têxtil e de confecção, que estão muito afetadas pela economia asiática", argumenta.
Construção civil
A construção civil foi outro segmento, ligado à indústria, que teve destaque no PIB de 2013, com alta de 3,12%. "Para o País crescer, é preciso infraestrutura, desde estradas a portos e aeroportos, então, ainda temos muito a crescer", projeta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Ceará (Sinduscon), André Montenegro.
Até 2024, segundo ele, será preciso construir 20 milhões de casas para sanar o déficit atual brasileiro. "Nosso desafio é deixar a construção civil cada vez mais qualificada", complementa. De acordo com Montenegro, a construção civil emprega 90 mil trabalhadores.
Apostas
"O Complexo Industrial e Portuário do Pecém vai ser um grande irradiador de crescimento para o Ceará"
Adriano Sarquis
Diretor de estudos técnicos do Ipece
"Sem refinaria, eu imagino a indústria do Ceará simplesmente capenga. É uma grande dúvida se ela vai chegar ou não"
Roberto Sérgio Ferreira
Vice-presidente da Fiec
Estudo projeta futuro do setor
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), está desenvolvendo um projeto para analisar como será a economia nos próximos dez anos. O Projeto Portadores do Futuro tem objetivo de promover a competitividade, prospectar o futuro, articular o desenvolvimento econômico, dinamizar o Interior e fomentar o empreendedorismo.
A iniciativa prevê a promoção de sete painéis, totalizando a mobilização estimada de 280 especialistas em todas as mesorregiões cearenses. A primeira fase foi realizada nas cidades de Juazeiro do Norte, Iguatu e Russas. Durante o mês de março, a segunda série de painéis foi realizada nos municípios de Quixadá, Sobral, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza.
O resultado será divulgado em maio deste ano, quando revelado as áreas de maior potencial para o futuro do Estado e onde deve se ter uma maior atenção. Para Carlos Matos, diretor do programa, o futuro começa a se construir no presente, por isso a importância de se planejar.
Carlos adianta que o Ceará precisa investir na educação e modernizar o setor para ser mais conecto, por exemplo, com importações e exportações, que atualmente representam menos de 10% do PIB. O diretor aposta, para os próximos dez anos, em vetores que agreguem valor aos produtos. Para ele, é preciso investir em criatividade e em design de produtos.
Dinâmica
O Projeto de Inteligência Industrial é composto de um conjunto de pesquisas, análises e sistemas de informação, cujo objetivo é construir uma inteligência capaz de dar suporte ao parque industrial cearense, orientando-o para a competitividade sustentável, permitindo maior agregação de valor e intensificação de investimentos. A iniciativa se baseia na geração de conhecimento sobre a competitividade.
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