TAXAS AO CONSUMIDOR
O spread total - diferença entre o custo de captação e o valor cobrado do tomador de empréstimo - subiu de 0,7 para 11,8 pontos percentuais
Consumidor deve ficar cada vez mais atento antes de contrair qualquer crédito. Custo está ainda mais elevado
Brasília. Após recuo em dezembro, a taxa média de juros cobrada do consumidor voltou a subir e chegou a 39,9%, ao ano, em janeiro, informou ontem o Banco Central. É o maior patamar desde março de 2012, quando a taxa estava em 41,2%. A inadimplência teve pequeno recuo de 0,1 ponto percentual (pp), voltando ao patamar de 6,6%, verificado em novembro, próximo ao menor da série histórica, de 6,4% em abril de 2011.
As taxas referem-se ao crédito concedido a pessoas físicas, com os chamados recursos livres, que excluem o crédito habitacional, rural e o concedido pelo BNDES. A alta dos juros verificada em janeiro para este segmento foi expressiva, de 1,9 p.P frente ao mês anterior. Já para as empresas, o aumento foi de 1,4 p.P, o que levou a taxa para 22,8%.
Com isso, a taxa média total com recursos livres chegou a 30,7%, também a maior desde março de 2012. "Isso acontece todo ano. As pessoas usam a renda de fim de ano para sair do cheque especial, onde há taxas mais caras. Há um efeito de recomposição em janeiro. O consumo dessa linha agora voltou ao patamar normal", diz Tulio Maciel, chefe do departamento econômico do Banco Central.
Aperto monetário
A alta dos juros ao consumidor reflete o novo ciclo de aperto monetário promovido pelo BC. Desde abril de 2013, a autoridade monetária já subiu a taxa básica de juros (Selic) em 3,5 pontos percentuais. Atualmente, ela está em 10,75% ao ano.
Com os juros altos, fica mais caro tomar empréstimos e fazer compras parceladas. Ao aumentar a taxa básica, o governo busca desestimular o consumo e conter a inflação.
No segmento de recursos direcionados, que consideram as linhas do BNDES e do crédito habitacional, o juro total aumentou bem menos do que no crédito onde os bancos são livres para escolher as taxas. Ficou em 7,9% ao ano, alta de apenas 0,4%. Já a inadimplência se manteve em 0,9%. Com isso, a taxa de calote consolidada do sistema financeiro, que considera a inadimplência em todos os segmentos, alcançou 3,0%.
"As taxas estão bem próximas de seu mínimo histórico. Há o efeito do crescimento do emprego e da renda contribuindo para isso", diz Maciel. Ele sinaliza, contudo, que houve um pequeno aumento nos atrasos de 15 a 90 dias nos pagamentos, importante indicador para medir o risco de alta da inadimplência no futuro próximo.
Estoque de empréstimos
O estoque total de empréstimos chegou a R$ 2,72 trilhões em janeiro, aumento de apenas 0,1% em janeiro. "O avanço foi mais modesto, o que é característico do mês. Isso acompanha o ciclo da economia, mais ligado ao comércio. Temos expansão mais significativa do saldo em dezembro. E, em janeiro, a expansão tende a ser menor ou com pequena queda, como vimos nos últimos anos", avalia .
A pequena alta ocorreu por conta do desempenho do crédito com recursos direcionados, cujo saldo subiu 1,5%. No segmento de recursos livres houve recuo de 1,1%. Em 12 meses, o estoque do crédito direcionado acumula alta de 25,3%. Já o saldo do crédito livre aumentou apenas 7,5% no período.
Dinheiro disponível
O crédito disponível no país chegou a 56,1% do PIB (Produto Interno Bruto). No mês anterior, a proporção era 56,5% e, em janeiro do ano passado, de 53,3%. A previsão do BC é que ele alcance 58% do PIB no fim deste ano. Para Maciel, o crédito continua sendo um elemento importante para o crescimento da economia. "Cresceu acima do PIB nominal em 2013, portanto, segue como fator que contribui para a expansão da atividade econômica", afirma Maciel
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