Cerca de 60 tartarugas marinhas são mortas por mês no interior do Ceará
Por Camila Cabral
A praia de Almofala, localizada no Município de Itarema, distante 190 quilômetros de Fortaleza, é considerada uma área de encontro para tartarugas marinhas do mundo inteiro. Segundo o coordenador regional do Projeto Tamar Ceará, Eduardo Lima, é esta a região que elas escolhem para o desenvolvimento, descanso e alimentação. “A maioria desses animais pertencem a populações de áreas de desovas distantes, como Suriname, Venezuela, Nicarágua e África. Todas as espécies de tartarugas marinhas ocorrem na costa cearense”, informou.
Porém, o que deveria ser um acontecimento de grande alegria, é uma realidade que provoca tristeza, já que esta mesma área que abriga tartarugas do mundo todo também é a área que mais agride e mata estes animais. De acordo com Eduardo Lima, cerca de 60 tartarugas são mortas por mês, só na região de Almofala.
Eduardo afirma que a realidade de alguns anos atrás já foi muito pior. “Quando chegamos aqui o número de tartarugas era bem menor. Agora, com a reprodução, o número delas está aumentando. Hoje, algumas espécies têm 20 vezes mais tartarugas do que quando chegamos”.
Pesca predatória e acidental
O coordenador do Tamar diz que o maior problema da preservação destes animais está ligada a pesca predatória e acidental. Ele explica que quando a pesca é para alimentação da própria família do pescador, não há problema nenhum.
O problema é quando o pescador passa a comercializar esta carne. “Em algumas comunidades a cultura de matar tartarugas para a comercialização dela ainda persiste. A carne é muito cara, varia entre R$ 28 e R$ 32 o quilo. Quando eles passam a vender este animal para atravessadores, eles passam a pescar em grande volume e o principal, pescam animais adultos, que estão aptos a se reproduzirem. A consequência é a que estamos vivendo hoje, a diminuição da população marinha. E quem lucra com a matança toda é o atravessador, que vende a carne da tartaruga para pessoas que tem dinheiro”, disse.
Já a pesca acidental das tartarugas está ligada a arte de pesca. “Ao tentarem pescar lagostas, camarões e peixes utilizando rede de caçoeira ou a técnica do curral de pesca, as tartarugas marinhas acabam ficando presas e morrendo”. Eduardo informa que estas técnicas prejudicam o trabalho de preservação de algumas espécies marinhas.
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