PROSTITUIÇÃO - Pontos continuam ativos no Mundial

A escolha de Fortaleza como uma das sedes da Copa do Mundo movimentou de forma incomum uma série de serviços na capital cearense. Com os tradicionais pontos de prostituição, principalmente na área da Praia de Iracema, não foi diferente. Personagens que compõem a cena noturna ao longo da Avenida Abolição e ruas próximas, as prostitutas garantem que o período do campeonato de futebol ajudou a melhorar o faturamento nos programas.

Na noite da última terça-feira, a reportagem do Diário do Nordeste percorreu os principais pontos de prostituição da orla de Fortaleza. Mesmo em uma noite em que o movimento na região não costuma ser grande, foram constatados pelo menos cinco pontos com a presença de garotas de programa, indo desde o cruzamento da Avenida Abolição com a Rua José Vilar, até a extensão da Rua Almirante Barroso. Sozinhas, ou em grupos de até cinco pessoas, era visível a presença tanto de mulheres quanto de travestis.

Uma das prostitutas, identificada como Jéssica, afirmou que a procura pelo serviço realmente aumentou com o início da Copa do Mundo, no entanto, esperava um movimento ainda maior. "Tem melhorado um pouco. Na hora dos jogos, não tem procura, mas depois que o jogo acaba, a gente consegue atender normalmente", comenta.

Em relação ao preço cobrado pelos programas, Jéssica diz que houve um aumento e comenta que mesmo os clientes brasileiros continuam dispostos a pagar a diferença. "O preço de tudo aumentou com a copa, então porque a gente não aumentaria também? Antes eu cobrava R$ 100. Hoje, varia entre R$ 150 e R$ 200. Os clientes habituais não chegaram a reclamar, eles entendem que é um caso especial".

Jéssica alega que, durante o período da Copa do Mundo, chegou a atender a dois gregos e a alguns norte-americanos e assegura que em nenhum dos programas teve problemas. "Eles foram legais, estão felizes com a Copa. Estão gostando muito daqui e todos me trataram bem. Não tenho reclamações a fazer por parte dos gringos", afirma.

Repressão

Perguntada se houve algum tipo de repressão por parte da Polícia para que se afastassem da área onde costumam trabalhar, Jéssica afirma que não foi repreendida. "Não ouvi nenhuma história desse tipo. Os policiais observam, como sempre, o nosso trabalho, mas não tivemos nenhuma orientação para nos afastarmos daqui da praia", afirma.

Consultado sobre uma possível ação da Polícia no trabalho das prostitutas, o Major Clairto, responsável pelo Batalhão de Policiamento Turístico (BPTUR), disse desconhecer atitudes desse tipo por parte do órgão.

A coordenadora interina da Associação das Prostitutas do Ceará (Aproce), Alice Oliveira, confirma que as garotas de programa estão trabalhando normalmente nas áreas em que já costumavam trabalhar, não só na Praia de Iracema, mas também nos arredores da Arena Castelão. "Pode até ser que tenha havido algum tipo de ação para afastá-las de lá, mas não ficamos sabendo. Mas as meninas também são inteligentes e se previnem para não serem abordadas pela polícia sem motivos", conta Alice Oliveira.

Outro ponto levantado pela coordenadora da Aproce é sobre o aumento do número de prostitutas na área da Praia de Iracema. "Percebemos que tem meninas novas na região, com estilos diferentes das meninas que trabalham aqui. Já sabemos que algumas são do Interior e outras vieram de estados vizinhos que não são sede da Copa do Mundo. Muitas delas estavam se organizando antes da copa começar para vir à Fortaleza. Mas o movimento de clientes também aumentou, não tem como duvidar", aponta Alice Oliveira.

Ranniery Melo
Repórter