SEXTA-FEIRA SANTA - Procissão do Senhor Morto emociona fiéis
Exatamente na hora em que Jesus foi morto, às 15h, teve início, ontem, a celebração de Paixão e Morte do Senhor, na Catedral Metropolitana de Fortaleza. A cerimônia emocionou o grande número de jovens e famílias que lotaram a igreja. Após a celebração, os fiéis caminharam pelas ruas do Centro durante a Procissão do Senhor Morto.
A cerimônia foi dividida em três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística. Na primeira etapa, o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, relembrou, junto com os fiéis, os últimos momentos de Jesus antes da crucificação.
Na segunda parte, o momento mais emocionante da celebração, Dom José, os arcebispos e todos os cristãos presentes fizeram a adoração de Jesus na cruz. Todos se ajoelharam, enquanto o pároco pedia para que rezassem pelos mais necessitados e, até mesmo, por aqueles que não têm sinceridade no coração. Na última parte, a maioria dos presentes recebeu a hóstia.
O arcebispo de Fortaleza ressaltou que, antes de ser crucificado, Jesus, foi avaliado pelos seus discípulos, por aqueles que o chamaram de louco, pelos homens que ele curou e também pelos judeus. Hoje, conforme dom José, os católicos continuam avaliando Cristo. "Por ele, damos tudo ou trocamos por coisas ínfimas e pecados", considerou.
O religioso ainda ressaltou que Cristo nos analisa de uma forma diferente. "Ele nos avaliou com tanto valor e importância que deu até a sua última gota de sangue por nós", frisou.
A Páscoa é importante, de acordo com dom José, para que os cristãos reavaliem suas atitudes e como tratam o dom da vida de Jesus. "O dom desse sangue derramado por Jesus é aquele que nos tira da morte e nos da vida eterna", destacou.
União
O mecânico Edimilson Soares aproveita o período da Páscoa para lembrar tudo aquilo que Jesus fez pela humanidade. "Acho importante trazer toda a minha família, pois acredito que seja relevante para todos nós termos essa união, cada dia maior, com Jesus", afirmou.
A emoção também tomou conta do comerciante Francisco Feitosa Torres ao ver a Catedral Metropolitana de Fortaleza lotada durante a celebração, além de todos os presentes orando e cantando. "Isso mostra a força da Igreja Católica na vida dos cearenses", acrescentou Francisco Torres.
O número de católicos acompanhando a celebração era tão grande que faltou lugar para todos. Tanto que alguns tiveram que sentar no chão para não se cansar durante as duas horas de celebração. Alguns, mais precavidos, que sabiam como o local fica lotado nesta época do ano, já levaram bancos e cadeiras.
Após o fim da cerimônia de Paixão e Morte do Senhor, os fiéis caminharam, juntos, pelas ruas do Centro da cidade acompanhando a Procissão do Senhor Morto. A emoção era tão grande que muitos até choraram.
Ritos
A Sexta-Feira Santa, ou Sexta-Feira da Paixão, é a sexta-feira antes do Domingo de Páscoa. Nesta data, os cristãos lembram o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultura de Jesus Cristo, através de diversos ritos religiosos.
Segundo a tradição cristã, a ressurreição de Cristo aconteceu no domingo seguinte ao dia 14 de Nisã, no calendário hebraico. A mesma tradição refere ser esse o terceiro dia desde a morte. Assim, contando a partir do domingo e sabendo que o costume judaico, tal como o romano, contava o primeiro e o último dia, chega-se à sexta-feira como dia da morte de Cristo.
Shalom apresenta Paixão de Cristo
A Paixão de Cristo também foi lembrada, ontem, durante o retiro promovido pela Comunidade Católica Shalom, no Ginásio Paulo Sarasate, em sintonia com as atividades litúrgicas da Catedral Metropolitana de Fortaleza.
O ponto alto foi a apresentação da Via Sacra, que recebeu uma montagem diferente, mais oracional, com menos encenação e mais música, para que o público se sentisse dentro do trajeto seguido por Jesus carregando a cruz, de acordo com o diretor Wilde Fábio, há mais de dez anos conduzindo a peça.
"Neste ano, produzimos uma adaptação de textos escritos pelo papa Francisco, colocando como personagem chave o Bom Samaritano (Simão Cirineu). A proposta é relacionar os últimos dias de Jesus com o sofrimento da humanidade nos dias de hoje", resumiu.
A montagem centrou a dor humana em três níveis de miséria: a material, a espiritual e a moral. A única forma de cura desses males seria a redenção através da renúncia aos preconceitos, aos falsos valores e tudo o que nos afasta de Deus, buscando a universalização de toda a humanidade.
A dona de casa Ana Zoelite, participa dos eventos do Shalom há um ano e, pela primeira vez, acompanhava as celebrações da comunidade na Semana Santa. "Desde que comecei a participar, minha vida só conheceu graças e bênçãos, no meu casamento, na minha família, no meu trabalho, em tudo", revelou.
A compreensão do significado espiritual do sacrifício de Jesus também tocou a aposentada Viviane Barroso. "O principal é se doar. Jesus, na sua grandeza, se fez pequeno para que nós, pecadores, fôssemos salvos das trevas para nossa redenção".
Oração
Os trabalhos tiveram início às 8h, com a oração das Laudes, sequência de leituras de salmos e textos bíblicos. Em seguida, houve a pregação do padre Sílvio Scopel referente aos momentos finais do sofrimento e morte de Jesus e seu significado para a humanidade até os dias de hoje. A apresentação da Via Sacra, logo após, encerrou as atividades pela manhã.
Padre Sílvio fez referências ao profeta Isaías, personagem bíblico do Antigo Testamento que profetizou a vinda de Jesus 800 anos antes de seu nascimento, mencionando o propósito de aproximar Deus da humanidade. "Não conseguiremos compreender esse mistério sem estarmos embebidos na graça, sem expressar a gratidão por Deus através do perdão e fazendo o que tiver de ser feito por amor".
Thiago Rocha/Sílvia Teixeira
Repórteres
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