Poranga reivindica preservação ambiental da área de Olho Dágua

SERTÃO DOS INHAMUNS

Dois projetos estão orçados em R$ 511 e R$ 155 mil, objetivando a educação, prevenção e a conservação

Poranga. Transformar a área em torno do conhecido "Olho Dágua de Poranga", em Unidade de Conservação (UC) é uma das metas deste município. Por meio de dois projetos ambientais, o Projeto Semear e Projeto Brotar, os quais focam a criação de Unidades de Conservação e o fortalecimento da política de educação ambiental, a gestão municipal espera garantir a preservação da área, localizada no perímetro urbano. Os dois projetos estão orçados em R$ 511 mil e R$ 155 mil, respectivamente.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foram encaminhados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). A expectativa é que seja liberado para este ano.

"Aguardamos a liberação desses recursos com a maior brevidade, pois a temática ambiental está dentro das prioridades das políticas públicas do município. A área tem potencial ambiental e vem sofrendo já há um bom tempo com o crescimento urbano e desmatamento. Precisamos agir rapidamente para minimizar os impactos", destaca Ricardo Sampaio, secretário municipal de Meio Ambiente.

Sampaio conta que o desmatamento é uma das grandes preocupações, além de outras ações devastadoras realizadas no entorno do Olho D\'Água, que é responsável pelo abastecimento de água na cidade. A prolongada estiagem também preocupa as autoridades e a população, que percebem uma grande redução na água da nascente.

Desmatamento

"O desmatamento é um problema silencioso que vem se agravando a cada ano e nos preocupamos porque sabemos que é prejudicial. Percebemos, inclusive, a redução na água que escorre da fonte natural. Anteriormente, há uns atrás, toda a área no entorno era bem úmida e atualmente só há umidade praticamente na nascente. Isso é um reflexo da ação humana e também da seca, que acomete a região nos últimos três anos. Temos pressa em transformar a área em Unidade de Conservação para conter esses desgastes, conservar o que ainda existe e revitalizar", explica o secretário.

Unidade de Conservação é a denominação dada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) às áreas naturais passíveis de proteção por suas características especiais. Têm a função de salvaguardar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Além disso, garantem às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional.

Crescimento

Para o prefeito municipal, Cárlisson Assunção, o crescimento da população do município também causa a diminuição da água na fonte natural. De mil ligações de água há 10 anos quando foi implantado o sistema de abastecimento de água, saltou para 4 mil neste ano.

"Há 20 anos havia uma grande área úmida em torno da fonte. Com a retirada da mata e o crescimento, que quadruplicou praticamente, tem diminuído. Com o projeto iremos reflorestar, proteger o meio ambiente e o local propriamente dito. O ideal é que a fonte subterrânea seja alternativa e não opção primeira, como é o nosso caso", destaca o gestor municipal.

Assunção salienta ainda que, com os projetos ambientais o quadro tende a se estabilizar e a gestão, junto com a conscientização da população de 12 mil habitantes, conseguir resgatar e proteger a área.

Reservatório

O gestor informa que em médio espaço de tempo, o município passará a ser abastecido por meio de reservatório, o Lontras, cuja ordem de serviço para construção foi assinada pelo governador Cid Gomes ano passado. O reservatório será construído no leito do rio Macambira, no município de Ipueiras e abastecerá o município, Poranga e Ararendá.

Vários filhos de Poranga lamentam o desgaste que sofre o local. Relembram que pegavam tranquilamente água na nascente, com abundância e que havia o predomínio de muitas árvores na área.

A retirada de água para comercialização é outro problema que contribui para a diminuição da água e de proteção no local.

Segundo a Secretaria, há oito anos foi proibida a retirada do líquido, mas continua acontecendo a retirada e venda. Preocupados com o lençol freático, o órgão acionou alguns órgãos ambientais e de gerenciamento de água no Estado.

"A venda era enorme, diminui muito, mas nós acionamos alguns órgãos e está sendo feito um levantamento do volume do lençol freático pela Cogerh, que deverá fornecer um laudo em três meses e saberemos então a real situação", destaca Ricardo Sampaio.

Silvania Claudino
Repórter

Mais informações:

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