DESASTRES NATURAIS
Fortaleza foi escolhida como um dos 39 municípios prioritários em mapeamento do Observatório das Chuvas, devido à recorrência de inundações, enxurradas, deslizamentos, óbitos, desabrigados e desalojados, registrados nos últimos 20 anos
Ameaça de inundações, deslizamento e soterramento. A intensa chuva registrada em Fortaleza na última terça-feira (4) evidenciou a situação de pessoas que vivem em perigo constante. Instaladas às margens de rios, lagoas e canais, ou no topo e nas encostas de morros, 13.725 famílias habitam áreas da Capital com chances de ocorrências de desastres naturais. De acordo com o mapeamento de risco do Observatório das Chuvas, realizado pelo Serviço Geológico do Brasil, 31 regiões da cidade se encaixam nesse perfil, representando alerta para 54 mil pessoas.
O trabalho de monitoramente do órgão federal recolheu informações sobre os lugares em todo o País com potencial para sofrer algum tipo de processo natural que possa causar danos. No Ceará, Fortaleza foi escolhida como um dos 39 municípios prioritários no estudo, devido à recorrência de inundações, enxurradas, deslizamentos, óbitos, desabrigados e desalojados, registrados nos últimos 20 anos. A primeira fase de avaliações foi realizada entre outubro de 2011 e novembro do ano passado.
Segundo Cristiano Férrer, coordenador especial de proteção da Defesa Civil de Fortaleza, as populações ribeirinhas ou que vivem próximo a canais são as que correm maior risco. Ele cita como exemplo as margens dos rios Cocó e Maranguapinho, onde centenas de famílias estão sujeitas a inundações no período chuvoso.
Perigo
Em bairros como Vicente Pinzón e Mucuripe, nas encostas de morros, o perigo é de deslizamento e soterramento. "Em algumas dessas áreas de risco, há problemas mesmo sem chover em Fortaleza. Independente da Regional em que esteja, é uma preocupação nossa", destaca.
Embora os últimos anos tenham sido de estiagem na Capital e no Interior, o gerente de Minimização de Desastres da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Tenente Aluízio Freitas, afirma que até mesmo chuvas pontuais e de baixo volume, como a da última terça-feira (4), podem causar danos. "Se for em um cenário urbano despreparado, com pouco sistema de drenagem ou residências ocupando áreas vulneráveis, há possibilidade de desastres", afirma.
Ações
Para tentar impedir as ocorrências, a Defesa Civil municipal realiza ações como limpeza de mananciais e desobstrução de canais. O órgão também trabalha em parceria com o Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais para identificar e advertir sobre as áreas de risco durante chuvas fortes.
Aluízio Freitas destaca que o Ministério das Cidades possui quatro empreendimentos de infraestrutura em andamento que visam à prevenção. São obras de execução de barragem, drenagem e remanejamento de famílias nas bacias do Rio Cocó, do Rio Maranguapinho e da Vertente Marítima.
A reportagem entrou em contato com a Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) para obter informações sobre os projetos de realocação das famílias ameaçadas, mas a assessoria de imprensa do órgão informou que não poderia responder à demanda até a publicação da matéria.
Além de Fortaleza, os municípios de Amontada, Bela Cruz, Caucaia, Jaguaruana, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Morada Nova, Quixeramobim e Sobral já tiveram o mapeamento de risco concluído. Ao todo, foram detectados 92 locais de perigo.
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