Polícia faz operação contra tráfico de drogas na Cracolândia e cumpre mandados de prisão
Polícia tem 69 mandados de prisão temporária para cumprir
Ação teve mais de 30 detidos; na dispersão, usuários invadiram padaria e imóveis da região e carros tiveram vidros quebrados. Mais de 900 agentes das polícias Civil e Militar começaram por volta das 6h30 deste domingo (21) uma grande operação na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. Foram presas 38 pessoas suspeitas. Dos 69 mandados de prisão temporária determinados pela Justiça, 28 foram cumpridos, segundo o secretário da Segurança do Estado, Mágino Alves. Os demais foram presos em flagrante. Três fuzis foram apreendidos. Também foram cumpridos mais de 70 mandados de busca e apreensão. Entre os presos está um traficante conhecido como FB, chamado de Fábio, que foi preso em Caraguatatuba e que, segundo Mágino Alves, é apontado como responsável por abastecer com drogas a Cracolândia. O objetivo da ação foi identificar pontos de venda de drogas, apreender entorpecentes e localizar e prender traficantes. A intenção da prefeitura e do governo estadual é limpar e revitalizar a Cracolândia, inclusive com a instalação de habitações populares. A operação ocorre durante a Virada Cultural em São Paulo. Há vários eventos na região central da capital. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que a operação é a primeira para acabar com o tráfico na região e que, agora, começam as ações sociais. "Demos o primeiro passo hoje para acabar com a Cracolândia na região da Nova Luz. Agora começa o trabalho social e de saúde, temos mais de 3 mil vagas para dependentes químicos", afirmou. Policiais apreenderam um revólver, uma furadeira, muitas munições de revólver, uma balança para pesar drogas e também embalagens para colocar cocaína para a venda.
O prefeito de São Paulo, Joao Doria, afirmou que o problema não será resolvido facilmente. "Não vamos conseguir acabar com um problema histórico, mas vamos reduzi-lo sensivelmente e acabar com o shopping center ao ar livre vendendo drogas 24 horas por dia para as pessoas. A polícia vai ficar permanentemente aqui, e haverá a interdição imediata de todas as pensões e hoteis, serão bloqueados e na sequência, derrubados, demolidos, o mais rápido possível", afirmou.
Durante a dispersão dos usuários, pessoas invadiram lojas na região, entre elas uma padaria, realizando saques. Carros estacionados na região também tiveram vidros quebrados e depredados. Os policiais invadiram hotéis desocupados na região, em que a droga é vendida.
Os policiais fazem varreduras no principal quadrilátero da Cracolândia, expulsando usuários, que tentam se esconder dentro de sacos de lixo, pois há muito lixo na região.
Com mandados de busca e apreensão, os policiais estão entrando em hotéis, pensões e vários estabelecimentos comerciais. Helicópteros da Polícia Civil e da Polícia Militar, agentes da tropa de Choque da PM e dos grupos de operações especiais da Polícia Civil, como o Goe e o Garra, participam da ação.
O prefeito da cidade, Joao Doria, afirmou que agora está decreto o fim do programa Braços Abertos e que não haverá mais pagamentos de ajuda de apoio e hotel para usuários de drogas na região, dando início a um novo projeto de reurbanização da área.
Após o término da operação, moradores de rua e usuários que haviam deixado a região retornaram para retirar material pessoal. A área era cercada pela Tropa de Choque da PM.
Favela do Moinho
No início de maio, um homem, o socorrista Bruno de Oliveira Tavares, natural do Rio de Janeiro, foi encontrado morto na Cracolândia, após ter entrado na região para ajudar uma pessoa que seria usuária de drogas e estaria precisando de ajuda.
Segundo o secretário de Segurança, Mágino Alves, em operação neste domingo, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão na Favela do Moinho, em que um traficante que deu a ordem para sequestrar e matar o socorrista, chamado pelo prenome de Leo, foi preso.
Outros mandados de prisões também foram cumpridos na Favela do Moinho.
O caso de Tavares foi investigado pelo Departamento de Homicídios dentro da Cracolândia. O socorrista chegou à Rua Helvetia, numa ambulância, com a missão de encontrar uma adolescente. Enquanto ele a procurava, o socorrista foi feito refém dos traficantes.
Uma testemunha contou que dez homens participaram do sequestro. A vítima foi torturada e o corpo deixado na rua dias depois, com mãos e pés amarrados.
Promessa de desocupação
No dia 11 de maio, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que a Cracolândia iria desaparecer "muito em breve", "muito antes" de seu mandato, que vai até dezembro de 2020, chegar ao fim. A afirmação ocorreu após a TV Globo mostrar confrontos entre a Guarda Civil Metropolitana (GCU) e usuários de drogas durante uma entrada na região, além de livre comércio de drogas, ao ar livre, durante o dia.
O governador Geraldo Alckmin também já havia afirmado que a Cracolândia iria desaparecer em breve.
"Importante registrar que Prefeitura, governo do estado e governo federal estão juntos nessa ação e a Cracolândia tem prazo determinado para acabar", disse Doria. Questionado sobre quando seria esse prazo, Doria disse que "muito em breve". O prefeito promete acabar com o problema da Cracolândia, que afeta a cidade há pelo menos doze anos, "muito antes do mandato acabar".
Comentários