ONS prevê melhora no nível das chuvas a partir deste mês de março

A PARTIR DE MARÇO

"No subsistema Nordeste, a energia afluente foi a menor registrada no histórico", informou o operador

Rio. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trabalha com a perspectiva de recuperação no nível das chuvas a partir de março em todas as regiões do País, mas isso ainda não será suficiente para afastar o temor de um novo racionamento de energia em 2014. Diante da melhora na hidrologia, o operador previu que as afluências (água transformada em energia) alcancem 67% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

"Para a semana de 1 a 7 de março, a previsão é de que a passagem de duas frentes ocasione totais significativos de precipitação nas bacias das regiões Sudeste e Centro-Oeste e fraca nas bacias dos rios Uruguai e Iguaçu", escreveu o operador, na primeira versão do Programa Mensal de Operação (PMO) de março. Em fevereiro, as afluências no Sudeste/Centro foram de 39%, a segunda pior em 84 anos de registro.

As águas de março, contudo, não permitirão a recomposição necessária do nível dos reservatórios para o atendimento da demanda do mercado com segurança. A previsão do operador é de que os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do País, encerrem março com 38,9% da capacidade. Hoje, as hidrelétricas operam com um nível de armazenamento de 34,71%.

Redução no custo

A melhora das afluências, contudo, contribuiu para a redução de 19,04% no custo marginal de operação (CMO), que determina o maior ou menor despacho das termelétricas, no Sudeste/Centro-Oeste. O CMO nesse subsistema passou de R$ 1 685,28/MWh para R$ 1.364,24/MWh, voltando a ficar abaixo do custo de déficit do sistema - até ontem, os modelos computacionais apontavam que era mais barato para o sistema cortar 5% de carga do que atender a demanda com geração das hidrelétricas e termelétricas, considerando o primeiro custo de déficit de R$ 1.364,42/MWh.

Apesar da queda, o CMO ainda se encontra em nível bastante elevado. Foi por isso, por exemplo, que o preço de liquidação das diferenças (PLD), um espécie de "espelho" do CMO, permaneceu no teto para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Para o período que se inicia hoje (1) e se encerra na próxima sexta-feira, o PLD foi calculado em R$ 822,23/MWh, o mesmo valor do período que se encerra nesta sexta-feira, 28.

Nordeste

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ainda informou que o PLD no Nordeste recuou 14%, de R$ 730,17/MWh para R$ 626,11/MWh. No Norte, o PLD subiu 94%, de R$ 205,95/MWh para R$ 400,51/MWh. Os valores do CMO para o Nordeste e Norte são os mesmos do PLD. A afluência prevista para o Nordeste em março é de 32% da média histórica, um pouco superior aos 26% de fevereiro. "No subsistema Nordeste, a energia afluente foi a menor registrada no histórico", informou o operador.

A previsão do ONS é de que os reservatórios do Nordeste fechem março com 45% da capacidade total, contra os 42,19% registrados atualmente. No Sul, a estimativa é de 43,4%, ante os 37,18% atuais. E no Norte, a projeção é de um nível de armazenamento de 88%, superior aos 80,92% registrados nesta sexta. O despacho térmico continuará significativo nesta primeira semana de março, totalizando 16,308 mil MW médios. O operador não contabilizou a oferta da térmica a gás natural AES Uruguaiana (RS), autorizada a operar em caracter emergencial entre março e abril.