Uma nova realidade: de sacoleira a microempresária

Hoje, proprietária de um depósito de material de construção, empresária conta como fidelizar clientes

Além de capital de giro, organização com as contas e noções de administração, a microempresária Aurineide Carneiro, 40, afirma que é preciso ter dom para conquistar os clientes quando se tem um negócio próprio. Antes de comandar um depósito de material de construção com três funcionários, ela passou por diferentes segmentos dos setores de serviços e do comércio.

Ainda aos 16 anos, no município de Morada Nova, ela trabalhou como feirante, junto com uma tia, quando começou a desenvolver habilidades próprias para o comércio.

Já em Fortaleza, Aurineide decidiu abraçar o trabalho como "sacoleira", enquanto também prestava serviços de manicure e depiladora no bairro onde mora, no Conjunto Palmeiras. "Quando eu era sacoleira, ia entregar os produtos de bicicleta. Cheguei a ter cinco pessoas que revendiam para mim", comenta. Ao longo dos anos, abriu uma loja de confecção e, depois, um mercadinho no bairro, já formalizada como microempresária.

"O meu forte mesmo é ser dona de mercadinho, mas estou gostando do que estou trabalhando, pois eu tenho mais tempo para a minha filha". Mas antes de conseguir expandir os negócios, Aurineide diz que foi preciso buscar linhas de crédito, o que não foi tarefa fácil. "No início do banco Palmas, eles não tinham muito dinheiro e, também, poucas pessoas me conheciam". Contudo, após o primeiro financiamento conquistado no início da década de 1990, afirma, a tendência foi de mais crescimento. "Ia direto da loja da fábrica, quando era sacoleira, entregando os produtos encomendados pelos clientes. Acabava tudo rápido", relembra.

Orientações

Também no banco Palmas, Aurineide recebeu as primeiras orientações, com cursos no Sebrae. "Era um curso básico, com muita coisa que eu já sabia, porque aplicava no dia a dia", diz. Dentre essas noções adquiridas com o tempo, destaca, estão noções de finanças, com a organização as contas.

Lições

"Tem gente que começa a ter dinheiro e começa a comprar as coisas, e não vê o custo disso, do que precisa manter. Também não veem que tudo tem um custo, desde a luz que deixo ligada em casa, uma televisão. Tem que saber administrar o pouco que se tem", exemplifica.

Além do domínio do próprio dinheiro, ela afirma que apresentar bem o produto foi algo aprendido durante o tempo. Quando vendia confecção na casa de clientes, por exemplo, ela diz que procurava ir bem arrumada, vestindo o produto ainda com a etiqueta. "Se a pessoa gostava, como estava com a etiqueta, a gente vendia ali mesmo. O cliente precisa ver o produto bem apresentado e perceber como ele fica bem", afirma. No depósito, a mesma lógica ainda é aplicada. "Nós fazíamos anéis, mas não colocamos fora, para expor. Percebi essa falha e logo conseguimos vender todos", lembra. A microempresária também revela outro segredo fundamental: a conquista de clientes.

"O cliente quer atenção, quer que você olhe no olho dele. O seu produto pode ser até o mais caro, mas se você dá atenção, você fideliza", comenta. Apesar de tantas técnicas adquiridas com o tempo, e o desenvolvimento de um sucesso profissional, que já inspira a filha adolescente, Aurineide sonha em aprender ainda mais. Para isso, ela diz que pretende fazer mais um curso.

Sonho

"O meu sonho é fazer uma faculdade de administração de empresas. Eu não tenho nem o segundo grau completo e, às vezes, sinto dificuldade. Quero evoluir mais no comércio, com um atendimento de boa qualidade", projeta Aurineide. (GR)

Começa amanhã Semana Nacional

Mais da metade dos municípios cearenses receberão, a partir de amanhã, atividades da Semana do Microempreendedor Individual, promovida pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em todo o País. Na sua quinta edição, o evento, realizado anualmente, contará com consultorias gerenciais, palestras, cursos, atendimento individualizado e oficinas do SEI-Sebrae Empreendedor Individual, voltadas para quem se formalizou. As atividades se estendem até o próximo sábado.

Segundo divulgou o Sebrae-CE, durante os seis dias do evento, aqueles que ainda estão na informalidade poderão legalizar seus negócios. Por sua vez, os que já são formalizados poderão participar de ações de informação e capacitação, como forma de aumentar a competitividade dos empreendimentos.

Podem se formalizar como microempreendedores individuais aqueles que realizam atividades autônomas, como vendedores, costureiras, tatuadores e cabeleireiros, desde que faturem até R$ 60 mil por ano, e não tenham participação em outra empresa como sócio ou titular.

O microempreendedor individual também pode ter um empregado contratado desde que ele receba o salário mínimo ou o piso da categoria. De acordo com o Sebrae, aproximadamente 440 atividades econômicas podem ser incluídas como empreendedor individual.

Aderindo ao MEI, esses autônomos passam a ter acesso a benefícios como o registro no CNPJ, aposentadoria, auxílio-doença, auxílio-maternidade e financiamento diferenciado.

O profissional também será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Ele terá de pagar apenas o valor fixo mensal de R$ 34,90 (comércio ou indústria), R$ 38,90 (prestação de serviços) ou R$ 39,90 (comércio e serviços). O montante será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. (JM)

Benefícios

Principais vantagens de ser um Empreendedor Individual

Aposentadoria - por idade e por invalidez

Auxílio - doença e reclusão Salário-maternidade

Crédito - acesso facilitado

Nota fiscal - possibilidade de emitir notas

Mais informações

Central de Relacionamento do Sebrae: 0800.5700800
Avenida Monsenhor Tabosa, 777
Telefone: (85) 3255.6600 .