RS - Sargento ferido ao ajudar jovem em protesto teme perder visão

Atingido por uma pedra no olho enquanto ajudava a socorrer uma jovem que passava mal durante o protesto de quinta-feira (27), em Porto Alegre, o sargento Elso Teixeira, da 26º Batalhão de Polícia Militar de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, teme perder a visão do olho esquerdo. O protesto reuniu 5 mil pessoas e começou de forma pacífica na Praça da Matriz, até terminar em vandalismo e depredação. Oito pessoas foram detidas e três ficaram feridas.

"A capitã médica disse que há possibilidade de perder a visão. Pelo menos até segunda-feira tenho que ficar em repouso. Na terça volto ao médico para um exame mais profundo", relatou.

O sargento está recebendo atendimento no Hospital da Brigada Militar, em Porto Alegre. Ele já havia atuado na segurança da capital durante outros dois protestos.

Enquanto o sargento Teixeira ajudava a socorrer a jovem, que se sentiu mal após respirar gás lacrimogêneo, uma pedra atingiu seu rosto e causou o ferimento no olho. "Passou por cima de um escudo e me atingiu", lembra o policial, que estava ao lado de outros colegas. "A menina estava com uma parada respiratória, estava caída e os colegas foram verificar. Foi aí que apedrejaram a guarnição. Jogaram pedra, garrafa, bolinhas de gude", completa.

A ferida provocou um sangramento no olho do sargento, que não deve trabalhar pelo menos pelos próximos 15 dias, conforme recomendação médica. Nos outros protestos em que trabalhou, o policial disse que não sofreu nenhum tipo de agressão. Os policiais não identificaram quem jogou a pedra, pois havia um grupo grande de pessoas reunido.

O protesto de quinta-feira (27)
O grupo se reuniu em frente à sede do governo por volta das 17h e por lá permaneceu durante a maior parte do ato, já que não havia caminhada prevista. O clima era calmo. Uma banda tocava no carro de som, enquanto as pessoas dançavam, tomavam quentão e bebiam cerveja. Foram três horas de manifestação pacífica. A concentração reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo a Brigada Militar.

Com a dispersão das pessoas da praça, houve tumulto. Manifestantes jogaram pedras e provocaram a polícia, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Grupos saíram pelas ruas tentando vandalizar objetos e prédios, e houve confronto com a BM. Segundo o Centro Integrado de Comando da cidade, quatro contêineres foram estragados, três na Avenida Duque de Caxias e um na Travessa do Carmo.

No Largo Zumbi dos Palmares, um grupo depredou contêineres de lixo e bicicletas do sistema de aluguel de Porto Alegre. Jovens provocaram a polícia e chegaram a arremessar pedras e garrafas em direção à Brigada Militar, que não reagiu.

Em um dos momentos mais tensos da noite, na altura da Avenida João Pessoa, manifestantes cercaram um carro e começaram a chutá-lo. Houve tentativa de abrir a porta do veículo, que conseguiu sair do local de marcha ré, com a ajuda de outras pessoas que abriram caminho.

Na Praça da Matriz, os próprios manifestantes que seguiram no local se desentenderam entre si diversas vezes. Após confusão, muitos deram as mãos e cantaram o hino do Brasil. Eles pediam calma aos que ali estavam.

Tatiana LopesDo G1 RS