REDES HOTELEIRAS

São Paulo. A construção de estradas, aeroportos, hospitais regionais, shopping centers, instituições de ensino, assim como a atração de indústrias para o Interior cearense também devem irradiar seus efeitos sobre o setor hoteleiro. Com a economia aquecida, cidades como Maracanaú, Juazeiro do Norte, Sobral e Pecém - localizado no município de São Gonçalo do Amarante -, que ficavam à margem de investimentos dessa natureza, devem, nos próximos anos, entrar nos planos de expansão de redes como a Accor e Vert Hotéis.

A Accor, por exemplo, que anunciou, recentemente, parceria com incorporadores do Ceará para construção de mais dois hotéis da bandeira Ibis em Fortaleza - um próximo ao Centro de Eventos e outro de categoria budget na Praia de Iracema -, que vão resultar na injeção de R$ 55 milhões na economia local, já vislumbra expandir-se com hotéis econômicos em Maracanaú, Juazeiro do Norte e Pecém.

"O mercado no Ceará está crescendo muito. Tem regiões, como estas citadas, que podem fazer todo o sentido para entrar no nosso plano de expansão no Nordeste e, mais especificamente, no Estado. Até porque, 70% da nossa demanda vêm do mercado corporativo, ou seja, turistas viajando a negócios. Dessa forma, prioritariamente, nossos hotéis estão localizados em áreas que concentram mais empresas, e é o que está começando a acontecer nessas cidades médias do Ceará", afirmou o vice-presidente Sênior da rede Accor, Abel Castro, durante a primeira edição do Brasil Hospitality Investment Conference. O evento acontece até hoje em São Paulo, reunindo profissionais e investidores do setor hoteleiro, imobiliário e de turismo.

O que, ainda de acordo com ele, também não exclui novos aportes na Capital. "Breve, devo retornar a Fortaleza para anunciar mais um investimento, que pode até ser de médio porte", adianta o executivo, referindo-se a outra bandeira da rede, o Novotel, sem descartar que a cidade contemplaria tranquilamente a sua categoria cinco estrelas, ou seja, da bandeira Pullman. "Estamos avaliando parcerias", completa.

Condições

Para Amilcar Mielmiczuk, diretor executivo da Vert Hotéis, que administra a bandeiras Ramada nas categorias Plaza, Hotel e Suítes e Encore, e que também participa do evento, o Nordeste, pelo ritmo de crescimento econômico superior à média nacional, de fato, começa atrair mais as grandes redes. "Tanto que acabamos de fechar com um investidor do Sudeste a elaboração de um plano de negócios para construção de dez hotéis econômicos em cidades secundárias do Nordeste, devendo gerar pelo menos R$ 150 milhões em investimentos", afirma o diretor.

Entretanto, adianta, por enquanto, o Ceará ainda não está contemplado nesses planos. "Mas não podemos descartar o Estado. Para se ter uma ideia, o Ceará teria condições de receber, hoje, de seis a sete hotéis sendo construídos ao mesmo tempo. Além de Fortaleza, cidades como Maracanaú, Juazeiro do Norte, Caucaia e Sobral, por exemplo, já revelam necessidade de empreendimentos com mais qualidade e são locais que a Vert poderia vir a investir", destaca Mielmiczuk.

Dificuldades

Entretanto, ele argumenta que a maior dificuldade para esta expansão ainda é captar quem queira investir. "Por desconhecimento do mercado e falta de visão de longo prazo, encontrar investidores ainda é uma barreira", ressalta. "Ao mesmo tempo, outros desafios como mão de obra qualificada e infraestrutura logística devem ser levados em conta para a sustentabilidade de hotéis associados às redes em mercados menores", conclui.

*O repórter viajou a convite da Quest Hospitality Group

Potencial

"O mercado no Ceará está crescendo muito. Tem regiões que podem fazer todo o sentido entrar no nosso plano de expansão no Nordeste"

Abel Castro
Vice-presidente Sênior da rede Accor

Resorts focam no turismo de negócios e eventos

São Paulo. Após passar por uma migração de público nos últimos quatro anos, o segmento de resorts, no Brasil, trabalha, agora, por uma reformulação das suas estratégias de marketing. Enquanto, em 2008, 43% da ocupação vinha de estrangeiros, atualmente, apenas 10% dos hóspedes são oriundos de outros países, com 90% sendo de turistas brasileiros.

Atualmente, o Ceará se encaixa nesse mercado, com quatro empreendimentos do gênero, entre eles, o Dom Pedro Laguna, no Aquiraz Riviera

Nesse cenário, o reposicionamento para o turismo de negócios e eventos é uma das apostas, segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Resorts, Ricardo Domingues. "De 2008 para cá, o faturamento do segmento cresceu 45% em todo o Brasil, saindo de R$ 947 milhões, em 2008, para R$ 1,38 bilhão, no ano passado. E o turismo de negócios cresceu 15% na participação, revelando o quanto ainda pode avançar", avaliou o executivo, durante a primeira edição do Brasil Hospitality Investment Conference, que aconteceu nos dias 13 e 14 deste mês em São Paulo.

O evento reuniu, durante os dois dias, profissionais e investidores em hotelaria, turismo e no mercado imobiliário. Na ocasião, o diretor executivo da Associação Brasileira de Resorts moderou o painel intitulado "Quais são as principais oportunidades de investimentos para resorts".

"Quem costuma se hospedar a trabalho, acaba voltando depois com a família. Até porque um resort já é um destino por si só. E dentro desse reposicionamento, atrair mais adolescentes também é uma meta", destacou Ricardo Domingues.

Empreendimentos

Conforme disse, atualmente, o Ceará se encaixa nesse mercado com quatro empreendimentos do gênero: três no complexo Beach Park e o investimento português Dom Pedro Laguna, no Aquiraz Riviera.

"Por enquanto não, há perspectivas de crescimento no número de estabelecimentos. Houve uma queda muito grande, com a saída dos investidores de fora, tendo em vista a crise na zona do euro e a apreciação do real frente ao dólar", afirmou Domingues. De acordo com ele, enquanto no início dos anos 2000 havia 160 projetos previstos para o Brasil, atualmente, apenas três resorts estão em construção no País. "Dois na Bahia e um no Rio de Janeiro", explicou. (ADJ)

ANCHIETA DANTAS JR.*
REPÓRTER