Após dez anos consecutivos de redução na produção de petróleo, o Ceará volta a registrar sinais de um leve crescimento na exploração do óleo negro, nos três primeiros meses de 2013, tanto nos poços marítimos quanto nos terrestres. No primeiro trimestre deste ano, a bacia petrolífera do Estado produziu 818,56 mil barris de petróleo, quantidade 23% superior aos 665,66 mil barris extraídos em igual período de 2012.

Dos mares cearenses, a produção de petróleo subiu 33,44%; já dos poços terrestres, o avanço, no mesmo período, foi de 21,5%

Naquela época, a produção nacional de petróleo recuou 10,2%, saindo de 197,8 milhões de barris no 1º trimestre, em 2012, para 177,57 milhões no acumulado de janeiro a março deste ano. Os dados são da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Exploração 

Dos mares cearenses, foram bombeados, de janeiro a março últimos, 719,05 mil barris, volume 33,44% maior do que os 538,85 mil explorados das bacias continentais cearenses, no ano passado. Já dos poços terrestres no Estado, foram extraídos 99,51 mil barris, número 21,5% menor do que os 126,81 mil barris extraídos no primeiro trimestre de 2012. 

O volume atualmente produzido no Ceará ainda está, porém, muito distante, representando apenas 20% do que foi no passado. Em 2001, - melhor ano da última década -, o Ceará chegou a produzir 5,59 milhões de barris de petróleo, volume que veio, ano a ano, caindo. Puxado, sobretudo, pela maturação, pelo fim das reservas nas bacias petrolíferas do Estado.

´Maduros´

Na avaliação do consultor da área de Petróleo e Combustíveis, Bruno Iughetti, o incremento da produção de petróleo no Ceará, apesar de interessante, não representa a recuperação do setor. Decorre, segundo ele, de efeito pontual, resultado dos trabalhos de manutenção dos poços já existentes. "A manutenção vem segurando a produção. Nossos poços são antigos, maduros, têm mais de 20 anos", destacou Iughetti. 

Ele lembra que à medida em que são exploradas, as reservas petrolíferas vão se exaurindo e os poços precisam ser recuperados, para se manterem viáveis economicamente. "A Petrobras os está recuperando porque sabe que, sem uma efetiva manutenção, eles (poços) param de produzir", acrescentou o consultor. Conforme disse, esse trabalho começou a ser efetivamente incentivada nos últimos dois anos, o que, de certa forma, pode explicar os resultados alcançados atualmente na exploração.

Para Iughetti, os últimos números divulgados pela ANP sinalizam que, neste ano, poderemos ter produção 20%, média, superior à registrada em 2012. Nos 12 meses do ano passado, o Ceará produziu 2,37 milhões de barris, o equivalente a irrisórios 0,31% da produção nacional, que fechou 2012 com 754,40 milhões de barris.

Quanto à redução registrada neste ano na produção nacional, ele avalia como natural, decorrente da paralisação de algumas plataformas e sondas para manutenção. "Isso é normal no setor de petróleo. Essa queda não é nada que assuste", avalia.

Águas profundas

Potencial produtivo maior, no entanto, deverá advir de poços em águas profundas no Ceará, onde a Petrobras já descobriu que há, sim, uma quantidade significativa (mas ainda não revelada) de óleo. Dos 11 blocos oferecidos no litoral cearense, na 11ª Rodada de Licitações da ANP, realizada em maio último, seis blocos foram arrematados. Isso significa que R$ 774,03 milhões serão aplicados na bacia do Ceará nos próximos anos, com a realização de estudos e, consequentemente, na perfuração de novos poços nos 11 blocos da área contemplada.

CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER