Investigação policial encontra indícios de que o dirigente, que também é deputado estadual, teria comandado atentados a emissoras de rádio e TV

O Ministério Público do Ceará (MP-CE) encaminhou ao Tribunal de Justiça do estado (TJ-CE), na noite de quinta-feira, uma denúncia contra o deputado estadual e presidente do Fortaleza, Osmar Baquit. De acordo com o MP-CE, a razão é uma investigação policial realizada em Quixadá, a 158 quilômetros de Fortaleza, que aponta Baquit como mandante de atentados contra emissoras de rádio e TV no município, todos ocorridos em março deste ano.

Ainda conforme o MP-CE, a Delegacia Regional de Quixadá realizava investigação referente a um outro caso quando descobriu indícios que apontavam o deputado estadual como mentor dos atentados. Os dados da investigação foram encaminhados para o coordenador da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), Maurício Carneiro. A Procap verificou todas as informações da investigação e encaminhou a denúncia diretamente para o Tribunal de Justiça, uma vez que Osmar Baquit é deputado e, por isso, tem foro privilegiado.

A razão por que Baquit teria sido o mandante dos crimes não foi divulgada, e a investigação corre em segredo de Justiça. No entanto, segundo fontes ouvidas pela reportagem, o motivo seria briga política. Por intermédio do Ministério Público, o coordenador Maurício Carneiro informou que somente se pronunciará sobre o caso após designação de relator no TJ-CE. Um desembargador deve ser indicado como relator do caso nos próximos dias.

Baquit não se manifesta

A reportagem tentou na manhã desta sexta-feira, por telefone, um contato com Osmar Baquit, mas não foi atendida - inicialmente, as ligações não foram atendidas, e depois o celular estava desligado. No gabinete de Baquit na Assembleia Legilativa do Ceará, os funcionários informaram que o parlamentar estava em casa em reunião com a secretária. Esta, por sua vez, disse que o deputado estava ocupado com reuniões e se pronunciaria quando fosse possível.

Entenda o caso

Nos dias 10 e 11 de março, homens destruíram os transmissores das Rádios Monólitos AM e Liderança FM. A primeira emissora foi o alvo inicial. Entre os entulhos da explosão, no dia seguinte ao crime, a Perícia Forence do Estado Ceará (Pefoce) encontrou uma caixa de fósforos e vestígios de gasolina numa garrafa pet de cinco litros. De acordo com a Pefoce, o incêndio e a explosão foram criminosos.

No local do segundo atentado, na sala dos transmissores da Rádio Liderança e da TV Cidade, na Serra do Urucum, os policiais civis e militares encontraram uma serra, uma camisa, um cadeado cerrado e três garrafas com vestígio de combustível, sendo duas derretidas e uma intacta.

Prisões

No mês de abril, a Polícia Civil desarticulou uma quadrilha suspeita de praticar os atentados às emissoras de rádios e televisão em Quixadá. O homem de 53 anos apontado pela polícia como sendo o chefe da quadrilha foi preso no dia 24. Outros três suspeitos foram detidos em 12 de abril. Um quinto suspeito foi capturado no início deste mesmo mês, quando tentava fugir para a Bahia. Todos possuem passagem pela polícia por assassinato. À época, a polícia investigava a participação de mais um integrante.

Por GLOBOESPORTE.COMFortaleza, CE