EM DEZ ANOS: Vulnerabilidade das famílias cai 20% no CE
O índice de vulnerabilidade das famílias cearenses caiu 20,3% em dez anos. É o que aponta pesquisa divulgada, na última quarta-feira (22), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para denotar a presença ou ausência da vulnerabilidade, o estudo leva em consideração seis aspectos: vulnerabilidade social, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, recursos financeiros, desenvolvimento infanto-juvenil e condições habitacionais, tendo como base dados dos censos demográficos de 2000 e 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O índice do Estado é maior, inclusive, que a média nacional, de 19,3%. No ranking dos estados nordestinos, o Ceará ocupa a terceira colocação, atrás apenas do Rio Grande do Norte (21,6%) e da Bahia (20,5%). Com os piores avanços estão Pernambuco (19,1%), Piauí (19,1%) e Alagoas (19%). Assim como em todo Brasil, no Ceará, o acesso ao trabalho (25,3%) e aos recursos financeiros (30,7%) foram os componentes que mais contribuíram para a redução do índice de vulnerabilidade. A média nacional registrada foi de 29,4% e 36,2%, respectivamente.
Em contrapartida, no Ceará, o desempenho foi relativamente pior nos quesitos vulnerabilidade social (11,3%), acesso ao conhecimento (12,8%) e condições habitacionais (21,8%).
A pesquisa traz também uma análise detalhada das 51 regiões metropolitanas de todo o País, com recorte das condições habitacionais. Em Fortaleza, a queda do índice de vulnerabilidade foi de 22,8%, média superior à nacional, de 19,3%.
Em relação às condições habitacionais da Região Metropolitana de Fortaleza, houve diminuição de 14%, enquanto no Brasil foi de 5,2%.
Políticas públicas
Na visão de Clélia Lustosa, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do núcleo Fortaleza da rede de pesquisa Observatório das Metrópoles, as políticas públicas que ocorreram na última década de transferências de renda através do programa Bolsa Família e a elevação do salário mínimo, gerando também aumento nos valores dos benefícios previdenciários e assistenciais, contribuíram decisivamente para a redução da pobreza no Brasil.
A professora acrescenta que a melhoria da renda familiar e a contrapartida exigida pelo governo para que a população mantivesse as crianças na escola e a ficha de vacinação em dia tiveram participação no crescimento de jovens estudando e reduziu a desnutrição infantil. Investimentos também foram feitos em outros setores, ampliando o acesso aos serviços de educação, saúde e saneamento básico, reduzindo as taxas de mortalidade.
"No caso do Ceará, Estado que há algumas décadas tinha a imagem de terra seca, miséria, fome e de migrantes, as políticas econômicas, aliadas às sociais, tiveram impacto nas condições de vida da população, refletindo na paisagem urbana", destaca Clélia. A especialista observa ainda que, no passado, durante os longos períodos de estiagem, Fortaleza ficava invadida de mendigos, o que não se está vendo na atualidade. Para a professora, isso demonstra que a população está menos vulnerável, ou seja, mais preparada para enfrentar estes eventos inesperados.
Conceito
De acordo com o Ipea, vulnerabilidade é a incapacidade da família em responder adequadamente, ou seja, em tempo hábil, a eventos inesperados de ordem ambiental e social, como inundações, perda de emprego e renda pelos adultos da família, doença do responsável ou inadequações temporárias da residência e sua acessibilidade.
A pesquisa oferece aos gestores, pesquisadores e ao público em geral material para que sejam pensadas possíveis interferências e políticas públicas.
Metropolitana
22% foi o índice de vulnerabilidade observado na Região Metropolitana de Fortaleza pela pesquisa, média superior à registrada nacionalmente (19,3%).




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