Dólar fecha em alta após discurso de Bernanke, na maior cotação do ano
Movimento acompanhou piora no humor dos investidores.
Após uma "trégua" na véspera, o dólar voltou a fechar em alta nesta quarta-feira (22). A moeda terminou o dia na maior cotação do ano, vendida a R$ 2,05, com ganho de 0,63%. Na terça, o dólar fechara em queda, após uma sequência de cinco altas.
No início do dia, o clima geral era de investidores cautelosos antes do depoimento do presidente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke.
A moeda norte-americana chegou a cair assim que Bernanke iniciou seu discurso, visto por alguns analistas como um sinal de que o Federal Reserve não está pronto para reduzir as medidas de estímulo que têm impulsionado o apetite por moedas e ações de países emergentes. Alguns minutos depois, no entanto, o dólar voltou a subir ante o real, acompanhando uma súbita piora do humor dos investidores no exterior.
Em declarações que não ofereceram sinais de que o Fed esteja pronto para reduzir seu programa de recompra de títulos, Bernanke enfatizou os altos custos do desemprego e lembrou que a inflação continua abaixo da meta do banco central.
Segundo o Valor Online, no entanto, investidores deram mais importância às declarações de Bernanke indicando que, se os dados econômicos permitirem, a instituição pode começar a reduzir o ritmo de recompras mensais de títulos em "suas próximas reuniões". Operadores também viram indícios mais fortes de retirada de estímulos na passagem da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) que diz que "alguns" integrantes do BC americano já estariam dispostos a reduzir as compras na próxima reunião, em junho.
As declarações de Bernanke vieram depois de comentários feitos mais cedo pelo presidente do Fed de Nova York, William Dudley, que afirmou ser muito cedo para determinar se o programa de compra de títulos será reduzido. Segundo ele, o cenário econômico pode não ser claro o bastante para que essa decisão seja tomada nos próximos três ou quatro meses.
No cenário doméstico, dados mostraram que o déficit em transações correntes em 12 meses terminados em abril ficou acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez em mais de uma década.
A fragilidade das contas externas reflete a deterioração da balança comercial brasileira e os fluxos de saída de investimentos do país, que têm contribuído para a alta recente o dólar.
Nesta quarta-feira o Banco Central informou que o ingresso de dólares no país superou a retirada de moeda estrangeira em US$ 8,769 bilhões na parcial de maio, até o dia 20.
Do G1, em São Paulo
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