Mulher que gerava filho no intestino relata drama sofrido, em Rondônia
Médico diz que paciente estava com hemorragia e correu risco de morte.
Um caso raro na medicina brasileira foi registrado no início de maio, em Vilhena (RO). Sem saber, Jacira da Silva Neto, de 34 anos, estava grávida de três meses, mas o feto foi gerado no intestino. A mulher, que reside em Juruena (MT), estava viajando de ônibus para Pimenta Bueno (RO), quando começou a sentir fortes dores na região abdominal. Como não conseguia continuar a viagem, Jacira resolveu desembarcar em Vilhena, onde mora uma irmã dela, e procurar o Hospital Regional para se consultar. Foi somente após a realização de um exame de sangue pedido pelo cirurgião Romualdo Kelm que o problema veio à tona.
“Descobrimos que ela estava grávida, mas não sabíamos onde o bebê estava alojado. Ao detectarmos o feto no intestino, tratamos logo de encaminhá-la a uma cirurgia”, revela o médico. Kelm afirma que Jacira estava com hemorragia interna e corria risco de morrer, caso a cirurgia não fosse realizada na quinta-feira (2), dia em que deu entrada na unidade hospitalar.
Pensei que ia morrer, quando os médicos me disseram o que estava acontecendo. Eu não sabia que estava grávida"
Jacira da Silva Neto, dona de casa
O procedimento cirúrgico para a retirada do feto teve início às 13h e contou com o apoio de mais quatro profissionais de saúde, os médicos Luiz Eduardo Moreira, João Moreira Neto e Jaqueline Brito. “Ela corria risco de morrer”, afirma Kelm.
O cirurgião diz que não sabe explicar como a bolsa se formou na região intestinal. “É algo para se estudar”, acredita. Ao G1, Kelm declarou que nunca havia pensado em realizar uma cirurgia deste porte. “Já tinha visto mulheres gerando filhos do lado de fora da trompa, só. Mas no intestino foi a primeira vez”, relembra.
Jacira recebeu alta do hospital nesta segunda-feira (6) e já está na casa da irmã, que mora em Vilhena. “Pensei que ia morrer, quando os médicos me disseram o que estava acontecendo. Eu não sabia que estava grávida”, revela a mulher. Jacira contou que as primeiras dores foram sentidas no final de março. Em Juruena, ela procurou o hospital, mas os médicos não detectaram a gestação. “Eles me disseram que era anemia profunda. Depois mudaram a versão e afirmaram ser uma cólica nos rins”, relembra.
Na casa de Geraldina Espíndolo, de 44 anos, Jacira está recebendo todos os cuidados da irmã. “Médicos pediram para cuidar da alimentação. Na quinta (9), vou retornar ao hospital para retirar os drenos”, explica. Agora, a dona de casa só pensa em se recuperar totalmente da cirurgia voltar para casa e reencontrar os dois filhos, uma menina de 15 anos e um menino de 09.
Kelm diz que o caso de Jacira foi uma gravidez ectópica, que ocorre fora da cavidade uterina. As causas mais comuns são todos os fatores que impedem a passagem do óvulo para o útero, como inflamações, tumores ou anormalidades das trompas. É extremamente perigosa para a saúde da gestante. “Já vi pacientes morrerem na mesa de cirurgia, por não resistirem ao processo cirúrgico”, comenta o médico.
Jonatas BoniDo G1 RO
Comentários