PMs são indiciados por tortura e morte de pedreiro
Três policiais do Ronda do Quarteirão foram indiciados pelo assassinato do pedreiro Francisco Ricardo Costa de Souza, morto em fevereiro, na Maraponga. Os soldados, que estão presos, negam autoria do crime
O pedreiro Francisco Ricardo Costa de Souza, 41, foi espancado e morto por três policiais militares do Ronda do Quarteirão. Essa é a conclusão do inquérito policial que investigou o crime e foi remetido à Justiça ontem. A investigação, feita pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), concluiu que os soldados José Nilton Alves Maciel, Dennis Bezerra Guilherme e Washington Martins da Silva agrediram o pedreiro e o abandonaram agonizando em um terreno no bairro Maraponga, no dia 13 de fevereiro.
Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (por motivo fútil, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima). Os três soldados cumprem prisão temporária no presídio militar. Eles negam os crimes.
De acordo com os delegados Luciana Costa Vale e Nartan da Costa Andrade, da DAI, no começo da tarde daquela quinta-feira, o pedreiro foi abordado pelos PMs e levado para uma região menos movimentada da Maraponga. Nesse local, segundo dados do Sistema de Monitoramento do Ronda do Quarteirão (SMRD), que mostra o percurso das viaturas, o veículo permaneceu por 30 minutos. Foi o tempo, dizem os investigadores, da tortura do pedreiro. Além disso, eles apontam que a abordagem foi feita sem que os soldados comunicassem o fato aos superiores.
Depois que o veículo deixou o local, a população informou, via 190, que havia um corpo na rua. A mesma viatura (RD1058), então, foi acionada para verificar o chamado. Na ocorrência, os policiais “disseram que socorreriam” o homem, cita o delegado Nartan. “Eles não acionaram Samu para fins de constatação de lesões nem Pefoce (Perícia Forense). Eles mesmos tomaram a iniciativa e, sem qualquer autorização, se dirigiram ao Frotinha da Parangaba”, detalha o delegado.
Sem que a equipe médica do local fosse contatada, a vítima foi deixada no hospital onde, segundo a investigação, já chegou morta. Foi no hospital que a família localizou Francisco Ricardo, por volta das 17 horas. “Eles foram autores, sem nenhuma dúvida desse bárbaro crime”, frisa.
Motivação
A investigação aponta hipóteses que teriam motivado a abordagem do pedreiro. Entre elas, a tentativa da PM de chegar a um acusado pelo roubo de uma motocicleta. O criminoso seria parente próximo do pedreiro. “Qualquer que fosse a motivação diante morte se tornaria insignificante”, pondera a delegada Luciana Costa Vale.
Serviço
Para denúncia
Onde: CGD (av. Pessoa Anta, 69, Praia de Iracema)/ (85) 3101 5028
A investigação apontou que, depois que a viatura deixou o Frotinha da Parangaba, passou em um lava-jato na avenida Benjamin Brasil. “Foi realizada perícia e foi constatado que a viatura foi lavada. Foi tentado tirar uma marca de sangue”, diz a delegada Luciana Costa Vale. Os indiciados negaram a lavagem do veículo. O estabelecimento pertence à mãe de um dos policiais.
A investigação do caso segue nas esferas administrativa e militar. Os policiais estão afastados do trabalho durante a investigação. O controlador geral, Santiago Amaral, diz que ela deve ser concluída em até quatro meses e determinar se os PMs serão expulsos da corporação.
O soldado Washington é o que tem mais tempo de PM, 16 anos. José Milton tem seis anos e meio e Dennis, quatro.
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