Protesto por morte de agricultor continua e clima na BR-101 é tenso
O protesto de agricultores na BR-101, perto da cidade de Una, a 507 km de Salvador, iniciado por volta das 9h, continua até as 19h30 desta terça-feira (11), segundo informações da Polícia Federal. Os manifestantes fecharam a ponte no km-526 e atearam fogo em pneus, interditando o trânsito, após a morte de um morador e ex-líder de comunidade de agricultores no município. A rodovia é uma das principais ligações da região com o sudeste do país.
De acordo com o delegado federal Alex Cordeiro, o fogo ateado nos pneus, junatamente com o clima quente durante o dia, elevou a temperatura na ponte de tal forma que comprometeu a sua estrutura. Ainda segundo o delegado, técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (DNIT) devem comparecer na próxima quarta-feira (12) para avaliar a estrutura da ponte, que fica localizada no município de Buerarema, a 52 km de Una, e que também foi partida com marretadas por cerca de 300 manifestantes.
O vereador de Buerarema, Wagner Sobrinho (PDT-BA), que está no local de protesto, afirma que o clima é "de guerra". "O clima aqui está muito pesado. Cerca de cinco mil pessoas estão nas ruas. 150 policias militares tentam conter a multidão e já são três pessoas feridas por tiros de borracha. O prefeito não aguentou, passou mal e desmaiou", disse. O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, que apura como está a situação no local.
O inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marco Vinícius Rodrigues, conta que a entrada e saída de veículos no município foram interditadas até cinco quilômetros de antes dos acessos, a fim de evitar a depredração dos automóveis. Além da destruição de parte da ponte, segundo a PRF, os manifestantes cortaram árvores e queimaram pneus e madeiras ao longo da rodovia. Não há previsão para o fim do protesto.
"O clima é tenso na região. O comércio está fechado e os produtores rurais foram para a pista. Agentes da PRF, Polícia Federal, Polícia Militar e Força Nacional foram encaminhados para o local", conta Rodrigues. O inspetor diz que os manifestantes acreditam que índios da localidade estão envolvidos na morte do agricultor. A informação ainda está sendo investigada pela polícia.
Violência
O morador do assentamento de agricultores de Ipiranga, na zona rural do município de Una, foi morto na noite de segunda-feira (10). Em entrevista ao G1, no final da manhã desta terça, a esposa da vítima, Elisângela Oliveira, relatou o crime.
Ela conta que estava em casa com o marido e a filha de 17 anos, por volta das 21h, quando quatro homens armados invadiram a residência e disparam vários tiros contra Juraci dos Santos Santana, de 44 anos.
Elisângela relata que os suspeitos arrancaram a orelha do marido depois que ele estava morto. "Estávamos vendo a novela quando eles chegaram. Eles ainda colocaram fogo no nosso carro e ameçaram nos matar caso apagássemos [o fogo]. Passamos o resto da noite escondidas no mato. Realmente, nada vai bem por aqui", desabafou Elisângela.
A área onde acontece o protesto está situada em uma zona de conflito entre agricultores e indígenas. O corpo do ex-agricultor ainda não foi necropsiado pelo DPT e só deve ser liberado na manhã de quarta-feira (12).
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que tomou conhecimento do caso e que está acompanhando por meio da sua coordenação regional. "As circunstâncias e o envolvimento de indígenas no ocorrido ainda não foram esclarecidos", disse em nota.
Reforço
O governador Jaques Wagner pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para as regiões em que acontecem conflitos de terra entre índigenas e produtores rurais. O encontro foi realizado na tarde desta terça-feira (11), em Brasília. Wagner pediu atenção especial às cidades de Buerarema e Una.
Do G1 BA
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