Protesto contra aumento das tarifas de ônibus invade SuperVia, no Rio
Manifestação é contra o reajuste das passagens para R$ 3.
Uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus promoveu um pulo coletivo de catracas da Central do Brasil no início da noite desta quinta-feira (30). De acordo com o 5º BPM (Praça da Harmonia), 150 pessoas participaram do protesto. Centenas de passageiros acabaram também passando pelas roletas sem pagar, estimulados pelos ativistas.
Pouco antes das 21h, sem confronto com a Polícia Militar, que se concentrou fora da estação, ou com seguranças da concessionária, o grupo começou a caminha pela Avenida Presidente Vargas em direção à Avenida Rio Branco. O trânsito chegou a ser interditado em ambas as vias. Às 21h30, a manifestação chegou à escadaria da Câmara Municipal.
A assessoria de imprensa disse que a concessionária encara o ato como manifestação, não como boicote, e que não houve qualquer orientação à PM para que não houvesse repressão. A empresa informou também que não era possível mensurar quantos não pagaram a passagem até as 21h.
Ativistas entoaram gritos como “a SuperVia é a vergonha do Brasil” e “se a passagem aumentar, o Rio vai parar”. A SuperVia informou que o protesto não influenciou na circulação dos trens até o horário. O acesso à estação também seguiu de forma tranquila.
Com evidente sorriso, o venezuelano Henrique Gomez, 63 anos, observava à média distância os passageiros transpondo as catracas. "Sempre que um grupo se amotina é porque algo está errado. Então, é legítima a manifestação", disse.
Próximo das roletas, as amigas Ana Carla e Patricia pareciam receosas em aderir ao boicote. "Estou com medo porque, de certo modo, é errado fazer isso. Mas é mesmo um absurdo a passagem nesse preço e a qualidade péssima desses trens", declarou Ana.
Por volta das 20h15, com o movimento menor na Central do Brasil, ativistas se dividiram em cada uma das entradas do prédio para dizer aos usuários que o embarque era gratuito. Por sua vez, funcionários da SuperVia informavam que o funcionamento era normal. Algumas catracas estão fora de operação.
Reajuste
O valor da passagem de ônibus no Rio vai aumentar em 8 de fevereiro, de R$ 2,75 para R$ 3. O reajuste de 9,09%, divulgado na noite desta quarta-feira (29) pela Prefeitura, será publicado na edição desta quinta do Diário Oficial.
O anúncio foi feito um dia após o Tribunal de Contas do Município (TCM) votar o relatório sobre o serviço prestado pelas empresas de ônibus no Rio. O TCM informou que não tem competência para decidir se pode ou não haver reajuste no preço das passagens de ônibus e deixou a cargo da Prefeitura a decisão sobre o reajuste.
O decreto assinado pelo prefeito Eduardo Paes que estabelece o reajuste da tarifa determina uma série de adequações que deverão ser tomadas pela Secretaria Municipal de Transportes para fiscalizar o Serviço Público de Transporte de Passageiros por Ônibus (SPPO). Entre as principais obrigações está a contratação de empresa de auditoria para fiscalizar as revisões tarifárias. O documento estabelece ainda, entre outras medidas, que a secretaria exija dos consórcios a adequação dos terminais de passageiros no prazo de até 180 dias e elabore, no prazo de 30 dias, plano determinando que, até 31 de dezembro de 2016, todos os ônibus sejam equipados com ar-condicionado.
Operação Pare o Aumento
Assim que foi anunciado o aumento na noite desta quarta-feira (29), ativistas começaram a mobilizar manifestantes nas redes sociais para um ato de protesto, previsto para 6 de fevereiro, dois dias antes de entrar em vigor o reajuste. A manifestação deverá acontecer na Candelária, Centro do Rio. "Se a passagem aumentar, o Rio vai parar", informa o cartaz publicado no Facebook.
Desde dezembro, quando Paes sinalizou que haveria aumento em 2014, manifestantes foram às ruas para dizer que não aceitariam qualquer aumento. O último ato ocorreu na noite de 18 de janeiro, quando um grupo interditou a Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio. Em seguida, o protesto continuou na Central do Brasil, onde alguns ativistas também chegaram a pular as catracas.
\'Recuo após pressão popular\'
Em 1º de junho do ano passado a tarifa dos ônibus do Rio aumentou de R$ 2,75 para R$ 2,95. Após mobilização em outras capitais por causa do aumento da passagem, houve protestos também no Rio e o reajuste de R$ 0,20 acabou suspenso pelo prefeito Eduardo Paes 18 dias depois.
No Rio, foram cinco grandes protestos em repúdio ao reajuste. Na primeira manifestação, cerca de 2 mil pessoas se reuniram no Centro do Rio. O ato, que começou pacífico, terminou em confronto com policiais militares. Um grupo mais radical ateou fogo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Os atos contra reajuste das tarifas do transporte público nas capitais começou em São Paulo. A situação influenciou manifestações no Rio e em outras capitais do país, que também acabaram recuando no reajuste das passagens. Ao anunciar que a tarifa no Rio voltaria a R$ 2,75, Paes disse que a decisão foi tomada em conjunto com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. À época, o prefeito do Rio disse que a conversa entre os dois já vinha acontecendo havia algum tempo.
Outro protesto
Foi liberada a Radial Oeste, na altura do estádio do Maracanã, após um outro protesto contra a Copa do Mundo. A manifestação começou às 19h05 e terminou às 19h58. O grupo chegou a fechar a Rua São Francisco Xavier e provocou lentidão para os motoristas que tentavam acessar o Centro da cidade. Apesar da liberação das faixas, o trânsito ainda era intenso no sentido Centro por volta das 21h30. Motoristas podiam optar pela Rua Visconde de Niterói.
Daniel SilveiraDo G1 Rio
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