SEGUNDO O BID: 3 em cada 20 não têm aposentadoria no País

Levantamento ainda aponta que 40% não economizam para garantir renda mensal ao chegar à velhice

Brasília. No Brasil, três em cada 20 pessoas com mais de 65 anos não têm aposentadoria e 40% dos trabalhadores não economizam para isso. Tais dados fazem parte de um "Raio-x" do cenário previdenciário brasileiro, apresentado ontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) dentro do estudo "Melhores aposentadorias, melhores trabalhos - em direção à cobertura universal na América Latina e no Caribe".

O trabalho aponta também que a maioria dos aposentados brasileiros recebe, em média, US$ 20 ou menos por dia; que menos de três em cada dez trabalhadores autônomos estão poupando para a aposentadoria; que 25% dos trabalhadores da classe média são informais e que menos de três em cada dez trabalhadores autônomos estão poupando para a aposentadoria.

Horizonte sombrio

Para o futuro, o horizonte é sombrio. Conforme o estudo, em 2050 quadruplicará o número de pessoas com 65 anos ou mais. Mas, em 2050, somente sete em cada dez adultos em idade de se aposentar terão poupado para alcançar esse objetivo. Ou seja, entre 15 e 22 milhões de pessoas não terão economizado para a aposentadoria quando o ano de 2050 chegar.

Hoje, para cada aposentado há dez trabalhadores potenciais. Em 2050 essa proporção cairá para um aposentado para cada três trabalhadores potenciais, ou seja, haverá menos gente apta a financiar o sistema previdenciário. O estudo foi elaborado por Mariano Bosch, Ángel Melguizo e Carmen Pagés e foi lançado em parceria com o Ministério da Previdência Social (MPS).

Desafios

Segundo o BID, o Brasil vem passando por um movimento demográfico similar ao observado na França e Suécia, de envelhecimento da população e diminuição de nascimentos, e isso impõe desafios em relação à sustentabilidade das aposentadorias.

"O melhor momento para o Brasil e os demais países da região pensarem no fortalecimento de seus sistemas previdenciários é enquanto a população é jovem, o que facilita a aprovação política de reformas e diminui o seu custo", disse Carmen Pagés, co-autora do estudo e chefe de Unidade de Mercado de Trabalho e Seguridade Social do BID.

O trabalho destaca que o Brasil é um país muito inovador em políticas de formalização. Diante disso, o BID destaca que "talvez o programa mais ambicioso de registro de autônomos na região é o de Microempreendedor Individual (MEI) no Brasil, destinado a formalizar os milhares de trabalhadores por conta própria em troca de um pagamento mensal bastante reduzido". Segundo o trabalho, foi dessa maneira que o País conseguiu registrar em três anos quase 3 milhões dos 16 milhões de trabalhadores por conta própria.

Previdência fecha 2013 com déficit de R$ 51,2 bi

Brasília. A Previdência Social terminou o ano de 2013 com um déficit de R$ 51,259 bilhões, o que representa uma alta de 14,8% sobre o rombo de R$ 44,646 bilhões registrado em 2012. Os números do Regime Geral de Previdência Social foram divulgados ontem. No ano passado, a arrecadação previdenciária somou R$ 313,731 bilhões e a despesa atingiu R$ 364,991 bilhões, considerando valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em 2012, a arrecadação tinha sido de R$ 299,499 bilhões e os gastos alcançaram R$ 344,145 bilhões.

Entre os principais fatores que contribuíram para o aumento da despesa, estão os reajustes dos benefícios, o crescimento natural do estoque e, principalmente, o pagamento de passivos judiciais e revisões administrativas. Somente essas últimas somaram R$ 2,3 bilhões, explica o Ministério da Previdência Social (MPS), em nota sobre o resultado. O déficit da Previdência Social pesa diretamente sobre as contas do governo.

Urbana x Rural

Considerando somente os dados da previdência urbana, houve superávit de R$ 24,621 bilhões em 2013, 6,9% menor que o saldo positivo de R$ 26,437 bilhões apurado em 2012.

A previdência rural, por sua vez, fechou 2013 com um déficit de R$ 75,880 bilhões, 6,7% maior que o rombo de R$ 71,083 bilhões de 2012.

A arrecadação previdenciária rural somou R$ 6,292 bilhões no ano passado, enquanto as despesas atingiram a marca de R$ 82,172 bilhões.

O valor médio dos benefícios pagos pela Previdência de janeiro a dezembro de 2013 foi de R$ 1.001,73, uma alta de 16,6% em relação a igual período de 2006. 

Conforme o levantamento do BID, em 2050, somente sete em cada dez adultos em idade de se aposentar terão previdência garantida Foto: fabiane de paula