Amigas vendem picolé em praia do ES para pagar carteira de motorista

Estudantes conquistam o público e fazem das vendas uma diversão.

Duas amigas de Vitória, no Espírito Santo, viram nas areais da praia e no forte calor do verão uma oportunidade de realizar um sonho. Sem dinheiro suficiente para pagar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), as estudantes Lisandra Damasceno e Bianca da Costa, de 19 anos, decidiram ir para as praias vender picolés. Com direito a avental cor de rosa, letra de música na ponta de língua e até buzina, elas enfrentam o calor, conquistam os clientes e arrecadam a quantia necessária.

As amigas começaram a tirar a carteira de habilitação no ano passado, mas o dinheiro que tinham era insuficiente para arcar com todo o processo. "Antes a gente fazia estágio,então estávamos pagando aos poucos, mas aí o contrato acabou e ficamos sem emprego. O jeito foi buscar uma nova forma de ganhar dinheiro", contou Bianca.

A ideia de vender picolés surgiu quando elas ainda eram apenas a parte consumidora do produto. "Um dia nós estávamos na praia, pegando um bronze, e passou um vendedor de picolé. Perguntamos quanto ele tirava por mês, e vimos que daria para a gente juntar o dinheiro que precisávamos. Pedimos um carrinho em uma distribuidora e fomos vender", explicou Lisandra.

Há uma semana, as estudantes vão para a Praia de Camburi, em Vitória. Munidas de avental, buzina e entoando o refrão  "Olha o picolé, olha picolé. Vamos ajudar, para pagar a CNH", a dupla parece ter agradado quem frequenta o local. "Está fazendo sucesso, vendemos tudo rapidinho. As pessoas nem acreditam quando veem a gente. Às vezes nem querem comprar, mas compram para ajudar", disse Lisandra.

Para Bianca, a força de vontade e a disposição para trabalhar veio do desejo de ser independente. "Tirar a carteira é um sonho para mim, significa independência da mulher", disse. Animadas com a aceitação do público, elas fizeram da atividade uma diversão e veem no novo trabalho uma chance de crescer profissionalmente. "Não tem vergonha nenhuma. A gente conhece gente nova, conversa com as pessoas... E através disso podemos até conseguir uma oportunidade de emprego", contou.

Pelas contas das novas vendedoras, para juntar o R$ 1 mil necessário o trabalho ainda deve durar até março. "Tiramos uns R$ 100 por dia, e aí dividimos", contabilizou Lisandra. Mas se o dinheiro foi a principal motivação para colocar em prática a ideia, a diversão é que parece sustentar a atividade. "É uma diversão, a gente gosta do que faz", garantiu Bianca.

Naiara ArpiniDo G1 ES