MPF denuncia esquema que falsifica documentos de atletas cearenses

Kleber Lavor, apontado pelo Ministério Público Federal como \'chefe maior da quadrilha\', nega qualquer tipo de envolvimento. \'Não tenho nada a ver\', diz empresário

O Ministério Público Federal em Juazeiro do Norte denunciou um esquema de falsificação de documentos de atletas cearenses. Nesta quinta-feira (9), o MPF propôs uma ação penal contra nove pessoas apontadas de \'diminuírem\' a idade de jogadores cearenses em até três anos, possibilitando a negociação dos jovens com clubes nacionais e do exterior. 

Segundo o MPF, os jogadores que tinham a documentação alterada eram negociados com clubes como Fortaleza, ABC-RN, Bahia, Atlético-PR e Corinthians.

Entre os nomes citados pelo MPF está o do empresário Kleber Lavor, dirigente do Guarani de Juazeiro, que é apontado pelo Ministério Público Federal como \'chefe maior da quadrilha\'. Em contato com o GloboEsporte.com, Lavor negou qualquer ligação com o esquema fraudulento e até desafiou qualquer autoridade a provar algo contra ele.

- Só conheço alguns jogadores citados porque são de Juazeiro do Norte, mas não tenho nada a ver com esse esquema - afirmou Kleber Lavor.

Segundo o procurador da República, Celso Leal, a investigação já se arrastava há quase dois anos. Leal ainda explicou que os fatos foram inicialmente comprovados por meio da ficha de jovens atletas disponibilizadas no site do Fortaleza.

- A partir dos dados coletados, a Polícia Federal diligenciou e comprovou a existência de um verdadeiro esquema fraudulento e criminoso articulado por empresários do ramo de futebol do Estado do Ceará, bem como pelos respectivos atletas e seus genitores, os quais detinham conhecimento e participação na confecção e uso de certidão de nascimento, RG, CPF e passaportes falsos no município de Juazeiro do Norte - detalhou.

- A investigação terminou. A partir de agora, começamos uma ação penal. O próximo passo é a Justiça Federal determinar a situação dos réus para que eles apresentem suas defesas - completou.

O esquema

Segundo as investigações do MPF, a ação ocorria da seguinte maneira: os atletas eram convencidos a reduzirem suas idades para serem negociados como se fossem mais jovens. Com a permissão da família do jogador, todos viajavam para Lavras da Mangabeira, cidade distante 417 quilômetros de Fortaleza, onde eram confeccionadas as certidões com nome e data de nascimento já alterados. Só então Kléber Lavor encarregaria-se de fazer os contatos com os clubes e negociar os atletas.

Por Juscelino FilhoFortaleza, CE