DIVERSOS EMPREENDIMENTOS
A previsão para 2014 é aplicar R$ 7 bilhões. Se isso acontecer, o volume de investimentos irá dobrar frente a 2013
Um volume de cerca de R$ 11 bilhões em investimentos está contratado pelo Governo do Estado para aplicação nos próximos dois anos, informou ontem o governador Cid Gomes. Para o 2014, o último de sua gestão, ele estima que R$ 7 bilhões, deste total, serão executados, confirmando assim o ano de 2014 como recorde nestas aplicações.
O governador explicou que parte dos investimentos não poderá ser concluída no ano que vem, a exemplo das obras de ampliação do Porto do Pecém, só iniciadas no final do mês passado, com quase dois anos de atraso. "Boa parte da obras será ano que vem, mas não será possível concluir a nova ponte, os dois berços em 2014", explica.
Caso alcance os R$ 7 bilhões esperados, o ano de 2014 dobrará o volume de investimentos em relação a 2013. Até sexta-feira passada, quando o governador fez um balanço das aplicações com seu secretariado, haviam sido investidos R$ 3,4 bilhões do total de R$ 4,8 bilhões programados para o ano, ou seja, 70,8% do total.
Linha leste
O governador destacou, entre as aplicações a serem realizadas, a Linha Leste do Metrô de Fortaleza, já contratada, e que envolve o maior volume de investimento público da história do Estado: R$ 2,26 bilhões. A linha possui 12 quilômetros de extensão, totalmente subterrânea, ligando o Centro ao bairro Edson Queiroz.
Além dela, destaca-se o Cinturão das Águas do Ceará (CAC), cuja primeira etapa, em curso, tomará R$ 1,5 bilhão. Este trecho terá 158 quilômetros de extensão, levando água do reservatório Jati, no Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, para toda a região do Cariri. O Veículo Leve sobre Trilhos (VL-T) Parangaba-Mucuripe, o Hospital do Sertão Central, o início das obras do Hospital Metropolitano são outras prioridades.
Pecém
O governador Cid Gomes informou as projeções à imprensa ontem, durante inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e de uma adutora emergencial no distrito de Pecém, em São Gonçalo do Amarante. A adutora foi construída em um período de quatro meses pelo valor de R$ 1,4 milhão, por conta do colapso nas fontes tradicionais de abastecimento da região. O fornecimento de água é hoje feito por meio do potencial hídrico da Lagoa do Pecém e, agora, com a adutora, será possível trazer água por meio do Canal dos Sítios Novos, reservatório que está com 28 metros cúbicos, cerca de 23% de sua capacidade total de armazenamento.
Para o fornecimento de água para as indústrias do complexo industrial, o governador disse que isso será resolvido com a conclusão da última etapa do Eixão das Águas, que possui 55 quilômetros de adutora fazendo o transporte Açude do Gavião, localizado nos municípios de Pacatuba e Itaitinga, até Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).
Saúde
Já a UPA inaugurada reforçará o atendimento em saúde da comunidade local e os trabalhadores que chegam à região para trabalhar nas fábricas do Cipp. "Vamos ter uma população aqui de aproximadamente de 30 mil pessoas, fora a comunidade, só com os empreendimentos, e trabalhando em turnos de 24h", apontou o secretário de Saúde, Ciro Gomes, presente à cerimônia. Hoje, a população do distrito é de 7,5 mil habitantes.
Ciro informou ainda que pretende envolver a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) na administração de manutenção da unidade hospitalar. "Isso será com uma contribuição da expertise gerencial que eles têm, de alto nível, e eventualmente com a colaboração no custeio. É tradição do empresário moderno fazer colaborações incondicionais com o setor público", afirma. Atualmente, há, somente na siderúrgica, aproximadamente cinco mil trabalhadores em campo no complexo.
Heliponto
"Decidimos também fazer um heliponto, e isso tem a ver também com a Petrobras, que está com plataformas no nosso litoral e, se houver acidentes, os trabalhadores serão transportados de helicóptero para cá. Isso eu decidi hoje (ontem), o representante da Petrobras falou comigo e prometi pra ele", adiantou.
Nova Transnordestina: obras estão paralisadas
Diferentemente do que afirmou a presidente Dilma Rousseff em sua última visita ao Ceará, no mês passado, as obras da Nova Transnordestina estão, sim, paralisadas. O governador Cid Gomes confirmou o fato e reforçou que só fará o prometido aditivo no contrato para a ampliação do Porto do Pecém, dotando-o de mais um berço para a ferrovia, quando as intervenções forem de fato retomadas.
A Transnordestina é um dos maiores projetos em curso do governo federal, ligando os portos de Pecém e Suape ao cerrado do Piauí Foto: Elizângela Santos
As obras da ferrovia são realizadas através de uma concessão federal pela Transnordestina Logística S.A., pertencente à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Já há alguns meses, o Diário do Nordeste busca informações sobre o status da obra na TLSA, por meio de sua assessoria de imprensa, mas não tem obtido nenhuma resposta.
"Eu tenho notícias que ela (a TLSA) tem mantido contato com construtoras, empreiteiras, para executar o trecho do Ceará, mas não foi iniciado ainda. Então eu mantenho o meu compromisso: na hora que as obras iniciarem, eu faço aditivo ao contrato de construção de dois berços do Porto do Pecém para a construção do terceiro, que ficará dedicado com prioridade à Transnordestina", disse ontem Cid.
Quando informou pela primeira vez sobre o aditivo, em outubro passado, o governador indicou que seriam acrescidos R$ 110 milhões para a construção do novo berço, que receberá os produtos transportados pela ferrovia. Os recursos seriam retirados do Tesouro Estadual.
A ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Míriam Belchior, informou no mês passado, em visita ao Ceará, que foi repactuada a parceria do governo federal com a Transnordestina, o que deveria implicar na retomada das obras. A CSN informou em setembro que foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a TLSA, "com a finalidade de sanar as pendências existentes entre as partes".
Investimentos
A Ferrovia Transnordestina conta com investimentos totais de R$ 7,54 bilhões, com participação de R$ 3,87 bilhões da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), através do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). A autarquia já liberou R$ 1,493 bilhão, correspondendo 38,5% dos recursos do FDNE alocados a esse projeto.
A ferrovia Nova Transnordestina é um dos maiores projetos em curso do governo federal, ligando os portos de Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco) ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins, com 1.728 quilômetros de extensão.
Entre estes trechos, o mais atrasado é exatamente o que está no Ceará, de Missão Velha ao Pecém, que também é o maior de toda a ferrovia, com 527 quilômetros de extensão. De acordo com o oitavo balanço do PAC 2, lançado em outubro, o trecho possui apenas 4% de sua infraestrutura prontos e 3% das obras de arte especiais (OAEs). O novo cronograma prevê que este trecho seja entregue até o dia 30 de setembro de 2016.
Com anos de atraso, o empreendimento perdeu o carimbo de andamento "adequado", do balanço do PAC, para ganhar a condição de "atenção".
O governador Cid Gomes informou as projeções à imprensa ontem, durante inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e de uma adutora emergencial no distrito de Pecém, em São Gonçalo do Amarante FOTO: BRUNO GOMES
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