Desemprego na RMF é o menor em cinco anos

7% EM NOVEMBRO

Pelo quarto mês consecutivo, a taxa de desemprego voltou a cair na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), chegando em novembro a 7% - o menor patamar dos últimos cinco anos ou desde que foi iniciada a série da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), em dezembro de 2008. Em números absolutos, a quantidade de desempregados na RMF, no penúltimo mês de 2013, totalizou 127 mil pessoas - também o menor contingente da série histórica.


Em comparação a outubro, são cinco mil a menos na fila do desemprego em Fortaleza e região metropolitana. Já em relação a novembro do ano passado, foram menos 15 mil trabalhadores à margem do mercado de trabalho local.

Retração na ocupação

Em contrapartida, o nível ocupacional continua em alta no comparativo mensal, somando 1,688 milhão de ocupados em novembro - oito mil a mais em comparação a outubro. Porém, face ao mesmo mês de 2012, houve retração de 10 mil postos.

De acordo com Mardônio Costa, analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) - órgão vinculado à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e que é responsável pela aplicação da PED, com o apoio do Dieese, a redução no desemprego pode parecer um dado favorável no primeiro momento, mas é preciso avaliar o motivo. Se está caindo porque as pessoas estão deixando o mercado, então é preocupante. "O desemprego pode ser reduzido por duas grandes situações. Primeiro quando cresce o número de postos de trabalho, que significa elevação do nível ocupacional, e em segundo lugar quando há redução da PEA (População Economicamente Ativa), pois o desemprego é medido pela pressão sobre o mercado de trabalho", diz.

No caso da RMF, embora a PEA tenha crescido no mês, com a entrada de mais três mil pessoas, em 12 meses o balanço foi de 25 mil pessoas a menos. "Isso pode indicar que está havendo um encolhimento da força de trabalho em nossa Região", alerta Mardônio Costa.

Descompasso

Para o analista do IDT, o descompasso envolvendo a queda da PEA ao mesmo tempo em que a taxa desemprego se retrai e o nível ocupacional cresce em ritmo mais lento na RMF sinaliza para um cenário de perpetuação da desigualdade, que afeta principalmente mulheres e jovens com idade entre 16 e 24 anos. "O desemprego jovem (16-24) é quase o sêxtuplo do desemprego adulto (25-39). Já a taxa de desemprego das mulheres está quase três pontos percentuais acima da taxa masculina", afirma.

Mardônio explica que a taxa de participação juvenil no mercado de trabalho da RMF experimentou uma queda vertiginosa entre novembro de 2012 e 2013, saindo de 61,1% para 56,5%. "No período, a percentagem de jovens que só trabalham na RMF caiu de 36,8% para 34,9%. Os que trabalham e estudam reduziram de 12,7% para 12,5% e o percentual daqueles que não trabalham nem estudam reduziu de 22,1% para 21,8%. Já a parcela da juventude que só estuda subiu de 28,4% para 30,8%" diz.

O aumento relativo da população juvenil que não trabalha e se dedica somente aos estudos pode ter vários motivos, segundo o analista. "Os jovens estão se conscientizando que a qualificação está cada vez mais importante para o mercado de trabalho e também para sua qualidade de vida", pondera.

Serviços eliminam seis mil vagas

O aumento do nível ocupacional, entre outubro e novembro, foi puxado pelos setores de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, que criaram nove mil ocupações crescendo 2,3% no mês, seguido da construção civil, com quatro mil novas vagas e alta de 2,9%, e da indústria de transformação, que gerou mil ocupações variando 0,3%. A surpresa do mês coube ao setor de serviços, que eliminou seis mil postos de trabalho, registrando queda de 0,8%.

O fechamento de vagas no setor de serviços, segundo Mardônio Costa, ocorreu nas atividades de transporte, armazenagem e correio (menos cinco mil vagas), atividades administrativas e serviços complementares (eliminou seis mil postos) e alojamento e alimentação (reduziu sete mil vagas).

Administração pública

O encerramento de postos no setor de serviços só não foi maior devido a criação de nove mil ocupações na administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais. Também foram criadas outros mil postos nas atividades de informação e comunicação, financeiras, de seguros e serviços relacionados, profissionais, científicas e técnicas.

Rendimento

No comparativo entre setembro e outubro de 2013, o rendimento médio real dos ocupados na RMF cresceu 1,6% e dos assalariados contou com 2% de expansão, passando a equivaler, respectivamente, R$ 1.134,00 e R$ 1.194,00.

Já os trabalhadores autônomos tiveram seus rendimentos elevados em 2,7%, chegando a R$ 905,00.

No mesmo período, a massa de rendimentos reais cresceu 1,9% para os ocupados e 2,8% para os assalariados.

A expansão, segundo Mardônio Costa, está relacionada ao incremento do rendimento médio real associado a elevação do nível ocupacional. (AC)

ÂNGELA CAVALCANTE
REPÓRTER