R$ 13,5 MI EM RECURSOS
Batizado de Tecnova, a iniciativa visa auxiliar start-up´s de oito segmentos da cadeia produtiva do Estado
Sem grandes polos de apoio à start-up´s no Estado - a exemplo de Pernambuco e seu tão falado Porto Digital -, as instâncias governamentais do Ceará começam a consolidar as estratégias para o Estado e, pela primeira vez na história, têm em aberto um edital de R$ 13,5 milhões de apoio a inovação em oito segmentos produtivos, batizado de Programa de Apoio à Inovação Tecnológica em Microempresa e Empresas de Pequeno Porte (Tecnova).
A captação de R$ 9 milhões com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e, principalmente, a aplicação de R$ 4,5 milhões pelo governo do Estado evidenciam o interesse em promover a cultura de inovação entre os agentes cearenses, de acordo com o coordenador da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Francisco Carvalho.
É também sobre a coordenadoria dele que o edital da Tecnova está sendo apresentado aos públicos alvos.
"A contribuição que, nós do governo estadual, podemos dar para criar este ambiente de inovação é propiciar essa consciência ao empresariado, de conhecer e se envolver na inovação", afirma Carvalho.
Segmentos beneficiados
O interesse em disseminar a cultura também ficou evidente na escolha do alvo do financiamento, pois figuram segmentos modernos - cujo sucesso depende de projetos ainda em desenvolvimento - e também históricos - onde maior parte dos empregos no Estado é gerado - para o setor produtivo cearense.
São eles: Petróleo e Gás, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Energias Renováveis, Couro e Calçado, Têxtil, Agronegócio, Eletro-metal-mecânica e Biotecnologia.
"E o dinheiro será no modelo de subvenção econômica. Não será um empréstimo, ou seja, não precisa retornar o dinheiro. Mas precisa prestar conta", explica o coordenador.
O edital, que promete consolidar as iniciativas governamentais de apoio à inovação, se mantém aberto até o começo do ano e deve ter a lista de empresas - ou consórcio delas - divulgado em abril próximo.
"Isso é importante para criarmos a um ambiente de inovação. Algumas empresas são modernas, mas o conceito (de inovação) ainda é quase insipiente",
Ecossistema é necessário
Ex-diretor da Fundação Cearense ao Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) - órgão estadual - e atual presidente da Coordenadoria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova) - órgão da Prefeitura de Fortaleza -, o professor Tarcísio Pequeno considera os esforços desenvolvidos até agora como propícios ao cenário ideal, onde todos os atores (academia, iniciativa privada e poder público) aliem-se para construir o que ele chama de "ecologia de empresas inovadoras". "Precisamos, todos nós, nos associar com outras entidades para dotar o Estado de um ambiente assim", reforça.
Cidade inteligente
Município cujo movimento para a inovação é mais consolidado, a Capital, segundo Pequeno, visa este conceito como forma de gerar informações para o trato do cotidiano da população. O projeto dele visa buscar soluções para diversos problemas a partir do trabalho de dados coletados.
Citando a problemática mobilidade urbana de Fortaleza, o coordenador afirma que as primeiras publicações devem acontecer até a metade de 2014.
"Entendendo-se que uma parcela da população é inovadora, ela pode transformar essas informações em produtos de inovação", sugere. (AOL)
Esforço de olho na competitividade
Na busca pela competitividade que tem perdido nos últimos anos em segmentos importantes - e, por isso, amargado índices de crescimento aquém do desejado -, a indústria cearense é o setor responsável pelo maior número de projetos de inovação. Ao todo, o Instituto de Desenvolvimento Industrial (Indi) investiu em seis projetos ancorados no chamado Programa Universidade Empresa (Uniempre).
Considerado o "guarda-chuva da inovação" para o presidente do Indi, Carlos Matos, o projeto idealizado pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), foi responsável por aproximar universidades e indústrias cearenses de universidades de Israel e, recentemente, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.
"A demanda por inovação é de todos, mas, no dia a dia, a burocracia, a alta tributação e as mudanças no mercado fizeram a inovação sair da prioridade do empresário, por empreendemos ações com este foco", declarou o diretor corporativo do Indi, ao contar da elaboração de um conselho com membros de universidades, iniciativa privada e governo estadual para pensar uma agenda de trabalho.
Sob a égide da inovação
Depois do contato com Israel, em 2009, nasceram: Agentes da Inovação, que fomenta a cultura entre industriais; Inovação Aberta, responsável por estimular e apoiar a divulgação de chamadas públicas de novas ideias e projetos; Apóstolos da Inovação, onde alunos de universidades cearenses e do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica passam as férias envolvidos em projetos de empresas cearenses; e a Inovação Digital, site que visa reunir os atores do setor. Além dos projetos, a lista de ações do Indi ainda incluem o apoio ao Polo de Inovação Regional do Jaguaribe - primeiro de sete planejados pela Fiec - e as unidades de apoio a start-up´s - ainda em formulação.
Desafio: atrair os pequenos
No entanto, Matos admite que a adesão pelas oportunidades oferecidas pelo Indi ainda tem maioria nas grandes indústrias do Estado, o que começa a ser transformado a partir dos polos regionais e da conscientização da inovação como "coração da produtividade". (AOL)
Parte da vanguarda nacional no que diz respeito às energias renováveis, o Ceará incluiu o setor entre os beneficiados pelo edital de inovação Foto: Kiko Silva
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