COREIA DO NORTE: Execução reaviva clima de tensão

Seul. A execução do ex-todo-poderoso tio do líder da Coreia do Norte, Chang Song-thaek, reavivou o temor de instabilidade no regime, que detém armamentos nucleares e costuma estar rodeado de segredos.

O chefe da Defesa sul-coreana, Kim Kawn-jin, disse que o país está de prontidão após a execução de Chang. Para a Coreia do Sul, a execução pode ser parte do "reino de terror" instalado pelo novo líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Chang, que era casado com a tia de Kim e era considerado a eminência parda do regime, foi executado após um julgamento sumário no qual foi acusado de "atos de traição". No início da semana, a TV norte-coreana mostrou o momento em que Chang foi removido por guardas armados de uma sessão especial do Partido Comunista.

O ministro da Unificação da Coreia do Sul, Ryoo Kihl-jae, alertou que a execução pode ser seguida por movimentos militares de Pyongyang, até mesmo um teste nuclear. O ministro disse que "o Norte geralmente acaba com agitações internas por meio de provocações externas". A Coreia do Norte fez seu terceiro teste nuclear em fevereiro, sendo duramente criticada.

Tensão regional

À medida que aumenta a tensão, Pyongyang tem feito ameaças de ataques a alvos militares japoneses, sul-coreanos e americanos na região.

A China, o principal aliado da Coreia do Norte, classificou a execução de Chang como um "problema interno. Como país vizinho, esperamos que a Coreia do Norte mantenha sua estabilidade", disse, em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China. Para o correspondente da "BBC" em Pequim, Martin Patience, a nota tenta mascarar a preocupação do governo chinês com a Coreia do Norte.

Victor Cha, ex-conselheiro da Casa Branca para assuntos asiáticos, advertiu que a caça feita por Kim Jong-un pode ir além de Chang. "Se ele chegou a tanto, executando Chang, isso mostra que as coisas não estão na normalidade", disse.

Aproximação chinesa

Segundo a correspondente da "BBC" em Seul, Lucy Williamson, uma das teses por trás da execução é a de que Chang passou a admirar algumas das reformas econômicas da China. Em agosto de 2012, Chang fez uma visita oficial à China, encontrando-se com o então presidente Hu Jintao. Os dois lados assinaram vários acordos econômicos, incluindo a criação de duas zonas econômicas especiais. Para a correspondente, é possível que Chang tenha se mostrado uma ameaça à autoridade do sobrinho. Para analistas, a execução deve elevar a tensão regional. O Japão já disse que está "acompanhando de perto a situação". A Casa Branca disse que, se confirmada, a execução é "outro exemplo da extrema brutalidade do regime norte-coreano". 

No início da semana, a TV norte-coreana mostrou o momento em que Chang foi removido por guardas de uma sessão especial do Partido Comunista Foto: reuters