Área metropolitana propicia expansão das universidades

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Juazeiro do Norte. Há mais de uma década o Cariri passou a vivenciar uma nova realidade na história da educação. A implantação de universidades tem proporcionado uma mudança de perfil da região, que adquire um status de “polo universitário”, contando com a presença de milhares de estudantes em um raio mais de 150 quilômetros e cinco Estados da federação. A última delas foi a Universidade Federal do Cariri (UFCA), que se encontra em fase de implantação. Com a criação da Região Metropolitana do Cariri (RMC), envolvendo nove cidades da região, essa expansão tende a ser ainda mais acentuada.

Nos próximos meses, segundo a reitora da instituição, Suely Chacon, a universidade terá feições de um grande canteiro de obras, além de tocar os seus 11 cursos no antigo campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Juazeiro do Norte. Atualmente, são mais de 3.300 alunos, devendo chegar a quase 6.500 até 2017, conforme critérios legais do Ministério da Educação (MEC).

Regional

A vinda da UFCA faz parte do processo de mudanças no âmbito educacional que ocorre nas cidades de porte médio do Brasil. A UFCA deverá chegar ao patamar de 27 cursos até a sua efetivação, mas a exigência maior segundo a reitora, é chegar a pelo menos 6.500 alunos.

Quanto a essa realidade não vem sendo muito difícil. Mas ele destaca o cuidado em manter essa demanda dos cursos, com toda as vagas preenchidas. Também aposta para isso, na importância da universidade dentro do contexto de desenvolvimento regional. 

A UFCA tem realizado nesse momento audiências em municípios como Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Araripe e Brejo Santo para verificar “in loco”, as necessidade da sociedade e enveredar pelo campo da demanda existente. Os cursos estão sendo estudados e cada projeto será definido a partir das necessidades da própria região, segundo a reitora.

Mesmo no âmbito das universidades particulares, o Cariri tem dado uma resposta positiva quanto à implementação de novos cursos. São mais de 60 cursos de nível superior, sendo dois de Medicina, um na universidade federal e outro em instituição privada, a menos de 6 quilômetros, nas cidades de Barbalha e Juazeiro do Norte. E, segundo o economista Micaelson Lacerda, foi a partir da implantação do primeiro cursos de Medicina, em Juazeiro, que se começou a perceber uma diferença relacionada 
a demanda sociais, econômica, com a vinda dos novos alunos e professores.

Para a reitora, Suely Chacon, a universidade está em pleno momento de transição de passagem da UFC para UFCA. A estrutura administrativa precisa ainda ser concluída, e, segundo a reitora, isso ainda depende dos concursos, especialmente para os servidores, e também para os primeiros docentes. Isso deve ocorrer no final do ano. Ainda está sendo esperada a finalização dos códigos de vagas, pelo Ministério do Planejamento.

Do ponto de vista a acadêmico, a instituição já está funcionando como a UFCA, com CNPJ, e o Ministério da Educação já reconhece. A partir de agora, conforme a reitora Suely, os novos cursos criados são pela UFCA. São 11 cursos de graduação, um mestrado acadêmico, criado no local, como campus, o mestrado de Desenvolvimento Regional Sustentável, uma turma do mestrado de Recursos Hídricos, que funciona em Fortaleza, mas que também funciona na região, e deve continuar, e outra do Profimat, que é o mestrado em Matemática, a residência médica, especializações em Gestão Social e para o Campo. “Já existia e continua”, complementa.

Ainda não há cursos definidos, que vem sendo discutido, junto com a elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).

Em Brejo Santo, será criado um Centro de Formação de Educadores, com cursos de licenciaturas modernos, e que respondam aos anseios dos jovens, para atuarem num mundo diferenciado, com tecnologias atuais. “Serão novas técnicas de ensino e possibilidades que estão existindo”, diz ela. A expectativa é começar no segundo semestre de 2014, com a implantação de cursos como Matemática, Física, Química, Biologia e Pedagogia. Ele disse que esses cursos estão sendo definidos, e possivelmente se inicie também um Mestrado de Educação no Município. O outro campus também será implantado em Icó.

A definição dos novos cursos está sendo discutida mediante condições relacionadas com a demanda regional, com o debate junto à sociedade, e também avaliando os já existentes. Em Crato, onde já existe o curso de Agronomia, poderá ser implantado o curso de Medicina Veterinária; na Faculdade de Medicina, um curso de Farmácia, voltado para os recursos naturais da região; em Juazeiro do Norte, Contabilidade, Museologia, Arquitetura e Psicologia. Conforme a reitora, há pelo menos 15 cursos propostos. A logística tem facilitado a implantação.

A abertura desses novos cursos será gradativa e que cada um possa oferecer condições plenas de ensino, de acordo com a professora Suely. “Não adianta abrir um curso sem ter condições de tocar com qualidade”, afirma. Possivelmente serão priorizados cursos que demandem menos recursos. Segundo a reitora, o Conselho Universitário e todos os cursos dependem dessa discussão coletiva, com condições concretas. "Até 2017 temos que ofertar 6.500 vagas, que compõem graduação e pós-graduação", diz. Hoje são ofertadas 3.300, mas que não estão totalmente cobertas, por muitos alunos desistirem ao longo dos cursos.

Esse ano serão destinadas ainda 30 vagas para docentes e mais 30 para servidores técnico-administrativos. Em 2014, a expectativa é para cerca de 90 docentes e mais de cem técnicos. "Isso nos limita muito. A gente quer crescer mais rápido, mas temos que ter recursos humanos", diz ela, ao acrescentar a necessidade de espaço físico para o crescimento. Tudo depende de um planejamento, conforme a Reitora, e antes de 2017 as vagas deverão ser cobertas.

Mudança

Ela afirma que o reflexo desse crescimento da universidade, traz uma mudança essencial à sociedade, que é o acesso a informação qualificada. "Especialmente a universidade pública, que consegue agregar o ensino formal, a pesquisa, a extensão, e uma discussão crítica. É um pacote mais completo para toda a sociedade", afirma.

A mudança dos últimos anos tem sido visível, conforme Suely. Isso, com o próprio nível das discussões, e também das pessoas estarem menos conformadas com o que não é certo, e passarem a questionar algumas coisas. "A universidade traz uma visão crítica para a sociedade e faz que com que as pessoas fiquem mais conscientes do seu papel", afirma.

A própria formação como cidadãos participantes, do curso, programas de extensão, que variam de todas as maneiras. "Na administração, com os trabalhos de empreendedorismo, temos obtidos mudanças incríveis, com a mudança da qualidade de vida dos artesãos, e outras categorias profissionais, para inserção no universo formal", avalia.

A Reitora classifica o Cariri como um pólo educacional no interior do Estado, gerando um grande impacto do ensino universitário. “A universidade consegue impactar em termos de geração de conhecimento, com o ensino superior, tanto público como privado, num processo muito rápido”, afirma. Essa realidade inclui cursos de graduação e pós-graduação.

O Estado também atinge em torno de 180 municípios do Piauí, Pernambuco e Paraíba, além do Ceará, incluindo o centro-sul. Segundo a reitora, poucas regiões do mundo tem essa condição de irradiar dessa forma o ensino.

O Cariri é um polo de geração de conhecimento, com o ensino, a pesquisa e a extensão, e isso faz muita diferença. O mestrado em Desenvolvimento Regional, todos os anos, manda uma equipe para o exterior. “Estamos apresentando soluções para a sociedade e a universidade é isso aí”, destaca. A tendência na economia é que esse crescimento se dê para o setor de serviços, e a indústria menor, porque impulsiona o setor, mas o que faz andar mesmo é a área de serviços”. (ES)

A UFCA se instalou mais recentemente na RMC. A reitoria diz que o campus terá nos próximos meses feições de um grande canteiro de obras. 

Regionalismo

“As metrópoles crescem mais do que a média do Brasil e a periferia das regiões mais do que o núcleo metropolitano”
Tânia Barcelar
Economista

“Temos que agir mais como uma região metropolitana, pois já vivemos praticamente sem limites”
José Leite
Prefeito de Barbalha

“O desenvolvimento regional consiste de estágios que precisam ser cumpridos, para a sua institucionalização”
Carlo Ferrentini
Secretário das Cidades