Manifestantes pedem que oftalmologista, que está presa, vá a júri popular.

Um grupo de amigos e familiares dos irmãos Emanuel e Emanuelle, que morreram vítimas de atropelamento no dia 11 de outubro, no bairro de Ondina, em Salvador, fizeram uma caminhada na tarde deste sábado (2), no bairro da Barra até o local onde ocorreu o acidente.

A manifestação em lembrança dos jovens reuniu dezenas de pessoas, entre elas, a mãe das vítimas e a namorada de Emanuel. Os manifestantes seguravam faixas pedindo justiça e paz no trânsito. A principal reivindicação é de que a médica que atropelou os dois irmãos vá a júri popular.

"Eu como mãe de Emanuel e Emanuelle peço justiça. Que a grande perda dos meus filhos se transforme em uma coisa maior. Que a justiça aja por essas mães que estão com seus filhos mortos até hoje e nada aconteceu", disse Marinúbia Gomes durante a caminhada.

A mãe dos jovens acrescentou dizendo que pretende chamar a atenção também para outros casos de mortes violentas no trânsito de Salvador. "É um manifesto pela paz. Um manifesto por um pedido de justiça. É isso que eu quero, meu coração só tem paz. Eu sinto tanto amor por essa população que me acolhe, que eu jamais estaria aqui em pé falando se não fosse o amor dessa população que liga para minha casa, que manda tanta lembrança, tanto presentinho que me agrada, que não faz com que eu me sinta só, que não deixa minha dor ser minha só. Querem dividir tudo comigo", disse emocionada. 

"Nós ficamos felizes com a comoção da população e cientes de que isso não vai ficar impune. Desejamos que a justiça seja feita, e que ela vá a júri popular. [A manifestação] Não é só pelo fato de Emanuel e Emanuelle serem tirados de nós dessa forma tão brusca, como também para tentar mostrar à poupulação que a cidade está um caos, e não só a vida deles foi tirada, como de outras pessoas podem ser tiradas também", desabafou a namorada de Emanuel, Mainá Schirnhofer.

A médica Kátia Alves Pereira, investigada pela suspeita de atingir os irmãos de forma proposital está presa no Complexo Penitenciário da Mata Escura, na capital baiana. A defesa dela entrou com pedido de habeas corpus e espera o julgamento.

De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia(TJ-BA), a desembargadora responsável pediu ao juiz da primeira instância informações sobre o processo. O advogado da médica, Sérgio Habib, informou que a oftalmologista está abalada psicologicamente e, por isso, está sendo medicada na central médica penitenciária.

Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), a oftalmologista está na Central Médica Penitenciária e não há previsão de alta. A Seap explica que esse procedimento é padrão para qualquer suspeito que tenha sido encaminhado de unidades médicas. A reconstituição do crime pedido da promotoria não tem data para ser realizada.

Denúncia
A médica foi denunciada à Justiça pelo Ministério Público da Bahia. A oftalmologista vai responder pelos crimes de duplo homicídio qualificado, impossibilidade de defesa e perigo comum, conforme a denúncia da promotora de Justiça Armênia Cristina Santos.

Para a promotora, as imagens capturadas pelas câmeras de segurança não mostram a ação de forma completa, por isso houve o pedido da reconstituição da batida. A intenção da Promotoria é saber sobre a velocidade e a dinâmica da batida do carro conduzido pela médica.

A médica foi internada no Hospital Aliança após o acidente, mas deixou a unidade de saúde no dia 17 outubro e foi encaminhada para o presídio feminino no Complexo Penitenciário da Mata Escura.

Do G1 BA

Manifestação tomou ruas da Barra na tarde deste sábado, em Salvador (Foto: Reprodução / TV Bahia)