Dezenas de pessoas chegaram cedo aos locais definidos para a aplicação das provas do concurso público da Junta Comercial do Estado do Ceará (Jucec), previstas para esse domingo, mas encontraram as portas fechadas. A seleção foi suspensa pela Justiça. Contudo, a maioria dos inscritos não recebeu qualquer informação da organização, enquanto outros foram informados via emails enviados somente na madrugada de ontem.

No Liceu do Ceará, um dos locais onde ocorreriam as provas, cerca de mil candidatos chegaram por volta das 7h de ontem e ficaram indignados com a notícia de suspensão. Mais ainda porque a informação não foi repassada a eles por funcionários do Instituto Cidades, a instituição organizadora da seleção.

A suspensão do concurso, para 30 vagas, ocorreu devido à ação do Ministério Público do Estado contestando a idoneidade do Instituto Cidades, organizadora do evento que responde a outros processos. No documento, o MP cita a dispensa de licitação para a contratação do instituto. O órgão entende que a dispensa desrespeita a Lei de Licitações. Na última quinta-feira (17), a juíza Nádia Maria Frota Pereira, da 3ª Vara da Fazenda Pública, deferiu a antecipação de tutela solicitada e declarou a nulidade da dispensa da licitação, suspendendo, assim, o concurso que seria ontem.

Decisão

"Isso é um desrespeito ao cidadão", reclamou a candidata Helena Rabelo, que viajou de Camocim a Fortaleza para realizar as provas. Para ela, a decisão da Justiça deveria ter sido tomada e divulgada em tempo hábil, a fim de que os candidatos inscritos fossem devidamente informados. Ana Maria Lins veio de Cajazeiras, na Paraíba, até Fortaleza para participar do concurso. "Arco com as despesas da viagem, chego aqui e encontro o local de provas com as portas fechadas, e a notícia de que o concurso foi suspenso. Isso é um abuso, um desrespeito. Não recebi nenhum comunicado em tempo hábil. Se fosse assim, teria evitado a viagem e tamanha despesa".

Breno dos Santos Palhano reside em Mossoró e também arcou com despesas para vir até Fortaleza a fim de fazer o concurso da Jucec. Brenda Emily Rocha Mendes era outra candidata indignada. "Não dá pra saber quem é mais irresponsável, se a Jucec, o Instituto Cidades ou a própria Justiça, que determina a suspensão do concurso às vésperas das provas, sem levar em conta, também, a situação e os gastos de cada candidato".

Em nota, a Junta Comercial do Ceará (Jucec) informa que não recebeu nenhuma notificação oficial impedindo a realização das provas do último domingo. "Considerando que a divulgação de tal informação prejudicaria o comparecimento dos candidatos e a própria realização do concurso, a Jucec resolveu determinar à empresa responsável pela organização do concurso, como medida preventiva, a suspensão da aplicação das provas". Salienta, ainda, que requereu junto à empresa responsável pelo concurso que adotasse todos os procedimentos necessários para informar os candidatos.

No site do Instituto Cidades consta comunicado, com data de 19 de outubro, em que a instituição informa que também não foi notificada pela Justiça e recebeu ofício da presidência da Jucec comunicando sobre a suspensão. Acrescenta, portanto, sobre a "inviabilidade de sua execução sem a ocorrência de maiores transtornos e, em especial respeito aos candidatos inscritos, comunica que as provas as quais deveriam ser realizadas na data de amanhã, foram canceladas temporariamente até posterior informação".

Diante do que consideram um desrespeito, os candidatos pretendem se organizar, através das redes sociais, para um encontro, hoje, em frente ao prédio da Junta Comercial do Estado do Ceará para manifestar repúdio à forma como foram tratados.

Muitos candidatos, sem saber da suspensão da prova, chegaram ao Liceu do Ceará, ontem; hoje, um grupo planeja um ato em frente à Jucec FOTO: HELOSA ARAÚJO