Juro ao consumidor sobe mais; evite parcelar no longo prazo

DINHEIRO CARO

A elevação da taxa básica de juros (Selic) de 9% para 9,5% ao ano, anunciada na última quarta-feira, traz consigo o crescimento das taxas de operações como compras com cartão de crédito, financiamento de veículos e empréstimo pessoal. A menos de três meses do fim do ano, o novo aumento dos juros - o quinto consecutivo desde abril - exige atenção por parte dos consumidores, sobretudo nas aquisições a longo prazo.

Segundo projeção da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a mudança na Selic não deverá impactar fortemente nas operações de crédito. Ainda assim, destaca o diretor executivo de estudos econômicos da Anefac, Miguel de Oliveira, o consumidor deve ter cautela. "É um efeito pequeno (a alta da Selic), mas, no somatório, pode ter um peso maior, principalmente nas compras a longo prazo ou que tenham um valor elevado", aponta o diretor.

Orientação

O ideal, acrescenta, é que os compradores sempre pesquisem bem antes de adquirir bens e serviços cujo pagamento será parcelado, além de optar por um número reduzido de prestações. "Se possível, o melhor é esperar um pouco mais pra comprar à vista ou pelo menos já dar uma boa entrada", destaca.

Oliveira acrescenta que é esperado um novo aumento da Selic - dessa vez para 10% - no fim de novembro, o que, caso se concretize, irá acarretar nova alta dos juros a partir de dezembro.

Para o presidente do Instituto Brasileiro dos executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), Delano Macedo, independente da alta na taxa básica, o consumidor deve sempre buscar alternativas para evitar juros elevados. "Entre uma taxa de 8% e outra de 8,25%, não há tanta diferença. É alto do mesmo jeito", salienta.

Conforme Macedo, que também é diretor do banco Petra, ainda "falta conhecimento e paciência" a grande parte dos consumidores, os quais muitas vezes acabam adquirindo dívidas desnecessariamente altas. "O cheque especial, por exemplo, deveria ser sempre uma linha de financiamento emergencial temporária e ainda com um prazo curto", ilustra.

As maiores variações nas taxas de juros, conforme as projeções na Anefac, foram registradas pelo financiamento de veículos e pelo empréstimo pessoal em bancos. Respectivamente, os dois itens registraram altas de 2,48% e 1,29%, ao mês, e de 2,71% e 1,52% ao ano.

Poupança

Ainda de acordo com a Anefac, mesmo com a alta na Selic a poupança permanece mais atrativa do que os fundos de renda fixa. Segundo a entidade, isso acontece porque a caderneta de poupança tem ganho garantido por lei - TR (Taxa Referencial) mais 6,17% ao ano - e não sofre qualquer tributação.

Enquanto isso, compara a associação, os fundos de renda fixa possuem tributação do imposto de renda sobre os rendimentos. Além disso, há ainda a cobrança da taxa de administração por parte dos bancos.

Atualmente, informa a Anefac, a poupança só é menos atrativa, independente do prazo de resgate, quando a taxa de administração cobrada pelos fundos for a mais baixa - de 0,50% ao ano. Essa taxa é usada normalmente para aplicações de valores acima de R$ 50 mil.

JOÃO MOURA
REPÓRTER


Cartões de crédito faturaram R$ 468,4 bi

Brasília O faturamento do mercado de cartões de crédito e de débito atingiu, respectivamente, R$ 468,4 bilhões e R$ 237,4 bilhões em 2012, segundo o Banco Central (BC). Os números representam um crescimento de 16,3% e de 21,2%, também respectivamente, em relação ao ano de 2011.

Os dados fazem parte dos relatórios Diagnóstico do sistema de pagamentos de varejo no Brasil - adendo estatístico e Relatório sobre a indústria de cartões de pagamento - adendo estatístico, que foram unificados neste ano.

O Banco Central informou ainda que houve queda de 9,5% no uso do cheque na mesma base de comparação, considerando a quantidade. De acordo com o levantamento, o valor das transações subiu 2,1%.

Operações de débito

Entre 2011 e 2012, o relatório revela que também houve aumento de 5,4% na quantidade de operações de débito direto. No que diz respeito as transferências de crédito, a alta foi de 6,7% nesse período, segundo informa o levantamento.

A menos de três meses do fim do ano, época em que aumentam as compras a prazo, é preciso ficar atento às condições de cada aquisição. No caso do cartão de crédito, a taxa anual chega a 194,23% no rotativo Foto: Alex Costa