BR-364 é interditada por moradores da Vila do Cacau no Acre
Manifestantes pedem que Incra os deixe viver nas terras.
Moradores da Vila do Cacau interditaram na manhã desta quinta-feira (26), a BR-364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul, no Km 86 próximo ao município do Bujari. A manifestação teve como objetivo chamar a atenção dos governantes sobre um despejo dos moradores daquela comunidade.
Jânio Mesquia da Silva, representante dos moradores, informou que o conjunto já possui uma estrutura de produção e que as famílias tiram seu sustento daquela terra. "Não temos onde colocar essas famílias. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) disse que são 5800 hectares da União e não vamos abrir mão. É uma questão de necessidade, queremos apenas paz", disse.
São cerca de 218 famílias que vivem há três meses na vila. De acordo com os moradores, foram construídas escolas, moradias e plantações. "Queremos que o Incra deixe o povo sossegado, só saímos daqui quando chegarmos a uma solução", ressaltou Silva.
Moradora há um ano do conjunto, Marta Souza de Andrade, disse que quer apenas a liberação das terras. "Agora que eu consegui fazer a minha casa, se derrubarem vou ficar no prejuízo. Estou bem, vivendo aqui, graças a Deus".
Com a interdição da BR, ônibus e outras pessoas que tentavam chegar em Rio Branco pediam uma medida. "Há mais de três horas estamos paradas aqui. Nossa comida e água já está acabando e estamos confinados aqui, além da temperatura que está muito alta", disse a professora Janaira Silva que estava vindo de Cruzeiro do Sul.
De acordo com o superintendente regional do Incra no Acre, Idesio Frake, a área onde moram os moradores da Vila do Cacau é uma área de manejo florestal dento de uma fazenda privada. "É a reserva legal da fazenda, um ramal onde as pessoas faziam a exploração florestal, quando acabou o manejo eles invadiram a área e estão derrubando a floresta", diz.
Ainda segundo o superintendente, no local existe uma área que o Incra está tentando reaver, porque é considerada pelo órgão, como sendo da União. Então, a invasão dificulta a retomada da área. "Temos interesse em adquirir aquela área, mas área invadida a gente não pode promover avaliação ou a compra dela", afirma.
Carros foram impedidos de passar durante o protesto (Foto: Daniel Scarcello/Arquivo pessoal)
Do G1 AC
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