Bolsa sobe 0,92%; dólar em queda pela segunda semana

ANÁLISE

Impulsionado pelas ações da Gol e da Petrobras, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, fechou ontem em alta de 0,92%, a 53.797 pontos. Na semana, houve leve ganho de 0,09%. "Atribuo a subida da Bolsa a uma questão mais de fluxo do que fundamento. O índice entrou neste mês em uma tendência de alta. Graficamente falando, acredito que há pontencial para chegar nos 57.000 pontos em outubro. Isso se ele não cair abaixo dos 52.400 pontos, o que mudaria a minha visão", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos.

Segundo Machado, o que pode ter estimulado essa retomada pontual do Ibovespa em setembro foi a forte queda que o índice acumulou na primeira metade do ano, de mais de 20%.

"Nos últimos três dias a Bolsa teve queda, o que também estimulou a recuperação de hoje", acrescenta.

Pela manhã, a Bolsa oscilou entre altas e baixas devido ao vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira, 16, que normalmente traz volatilidade ao mercado.

A companhia aérea Gol liderou as altas do índice no dia, com ganho de 9,76%, após ter divulgado que a receita por assento ofertado em seus voos cresceu 24% em agosto sobre o mesmo mês do ano passado, apoiada por nova redução de oferta e aumento de preços de passagens.

Também colaborou com o avanço do Ibovespa a valorização de 1,57% dos papéis mais negociados da Petrobras hoje. Eles representam mais de 7% do índice. "As ações da Petrobras mais uma vez sobem porque aumentaram as pressões por um reajuste nos preços dos combustíveis", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho. Em sentido oposto, os papéis da Embraer fecharam com queda de 2,72%, liderando a ponta negativa do Ibovespa. Segundo analistas, o desempenho reflete uma correção ao forte ganho em torno de 40% desse papel no ano, além da recente desvalorização do dólar em relação ao real (boa parte da receita da empresa é em moeda americana). Já as ações da OGX, petroleira de Eike Batista, fecharam estáveis em R$ 0,39 cada.

Apesar da queda, o resultado do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) ficou melhor que o esperado em julho. No mês, o indicador mostrou baixa de 0,33%, na série com ajuste sazonal, depois de ter subido no mês anterior. Em geral, especialistas esperavam um recuo mais acentuado. Nos EUA, a confiança do consumidor diminuiu no início deste mês e as vendas no varejo cresceram levemente em agosto, apesar da forte demanda por automóveis e por outros itens de alto custo.

São as indicações mais recentes de que o crescimento econômico naquele país desacelerou no terceiro trimestre, o que pode pesar da decisão do Federal Reserve (banco central americano), na semana que vem, sobre o início do corte no estímulo mensal bilionário que a autoridade promove no país desde 2009.

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em leve alta de 0,02% em relação ao real, cotado em R$ 2,280 na venda.

Na semana, houve queda de 0,72% -segunda desvalorização semanal seguida da moeda americana. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,35% ontem, a R$ 2,282.

O Banco Central realizou pela manhã a venda de até US$ 1 bilhão com compromisso de recompra em 2 de abril de 2014. A taxa de recompra foi de R$ 2,378225. O leilão de hoje é previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

O programa do BC - que começou a valer em 23 de agosto- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, de segunda a quinta-feiras, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro próximo.