CEARÁ - Mortes por doenças crônicas aumentam 60,6% em 14 anos
Dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) revelam que os cearenses estão morrendo mais por algo que pode ser evitado: as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). De acordo com o ultimo boletim epidemiológico do órgão, divulgado no fim de agosto, em 1997 as mortes por DCNT representavam cerca de um terço do total de óbitos no Estado, 32%, enquanto em 2011, essa proporção ultrapassou metade de todos os óbitos, 51,4%, um crescimento de 60,6% no período.
Dentre elas, as de maior crescimento em 14 anos foram a diabetes mellitus com elevação de 55,9% , seguido da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) 48,1%.
O levantamento aponta, ainda, que analisando as taxas de mortalidade por causas específicas das DCNT, há uma taxa de crescimento em todas elas. Em destaque, aparecem as doenças cerebrovasculares, passando de 34,2 para cada grupo de 100 mil habitantes em 1997 para 53,6 em 2010.
Houve aumento, também, das doenças hipertensivas, que passaram de 5,2 para 27,9 por grupo de 100 mil habitantes em 14 anos; do diabetes mellitus, passando de 9,8 para 30,5, e das doenças isquêmicas do coração, passando de 21,5 para 44,2.
Conforme a Sesa, o perfil de saúde no Ceará é semelhante ao do País, onde se registra um decréscimo das doenças infecciosas e um aumento das doenças crônicas e degenerativas.
Risco
A médica cardiologista da Sesa e vice-presidente da Sociedade Cearense de Cardiologia (SBC/CE), Ana Lúcia de Sá Leitão, ressalta que, no Brasil e no mundo, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis são a principal causa de morte, estando as doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), como as que mais vitimam pessoas.
Segundo ela, as principais causas para a incidência dessas patologias estão ligadas aos próprios hábitos da sociedade, muitas vezes incorretos, como a má alimentação, o tabagismo e o sedentarismo elevado. "O principal fato para o aumento das doenças crônicas é a obesidade. Ela desencadeia hipertensão, diabetes, câncer", explica.
Estímulo
Na tentativa de reverter esse quadro, conforme Ana Lúcia, o Ministério da Saúde vem trabalhando na prevenção da obesidade infantil e detendo o problema nos adultos. "O Programa Saúde nas Escolas atua no sentido de estimular uma alimentação saudável entre os estudantes", acrescenta. Ainda de acordo com a médica, o governo do Estado também trabalha a favor de índices mais favoráveis, estimulando os municípios a implantarem academias da saúde, espaços para o estímulo da atividade física.
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que incluem os males hipertensivos, podem ser evitadas por meio de hábitos saudáveis Foto: Natinho Rodrigues
Comentários