Juízes do RS denunciam condições \'precárias\' das unidades da Fase

Duas rebeliões foram registradas em unidades do estado nesta semana.

Após duas rebeliões de menores infratores na mesma semana, juízes da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude convocaram uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (6) para denunciar o que eles chamam de condições “precárias” nas unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) do Rio Grande do Sul.

De acordo com juízes da Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude, a situação nas unidades da Fase é caótica e precisa ser discutiva pela socidade e combatida com medidas efetivas do Executivo. Eles decidiram falar após as duas rebeliões registradas nesta semana, uma em Caxias do Sul, na Serra, e outra em Pelotas, no sul do estado, onde um adolescente morreu e um monitor ficou ferido.

 

Entre os problemas apontados, estão o aumento da entrada de drogas e celulares nas unidades e uso de violência e até de medicação para conter os adolescentes. Além disso, há demora nas reformas e construções de novas unidades e falta de profissionalização e treinamento dos servidores. Para os juízes, alguns adotam condutas criminosas. 

“A forma de manter o controle da instituição é a intimidação, é a humilhação, quando não também o uso da algema química, o uso da medicação psicotrópica à força, contra a vontade do adolescente, sem o conhecimento da família, sem o conhecimento eventualmente da própria Justiça”, afirmou o juiz Leoberto Brancher, da comarca de Caxias.

No total, 883 adolescentes cumprem medidas socioeducativas no Rio Grande do Sul. O estado possui 13 unidades de internação e semiliberdade, seis delas em Porto Alegre e sete em municípios do interior. Uma delas, porém, o Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Porto Alegre I (Case Poa I), está interditado pela Justiça por falta de condições.

O secretário Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, declarou que o uso de medicamentos e violência contra os internos é “uma realidade antiga da Fase, que mudou completamente”. Segundo ele, os adolescentes são diagnosticados e medicados individualmente e, em caso de denúncia de agressão, um procedimento é aberto para verificar as acusações.

Sobre o ingresso de drogas e celulares, o secretário disse que as revistas são frequentes. Fabiano Pereira ainda informou que foram contratados mais de 300 servidores em concurso e que as reformas das unidades estão em andamento. Segundo o governo estadual, nos últimos três anos foram investidos R$ 6,5 milhões na Fase.

Juízes exigem medidas do governo estadual para melhor situação na Fase (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

Do G1 RS