Bolsa brasileira sobe mais de 2% com investidores embolsando lucros
Com investidores embolsando lucros, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, mantém alta nesta segunda-feira (22) enquanto os mercados internacionais oscilam perto da estabilidade.
Às 16h30 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 2,76% a 48.709 pontos. Há pouco, o índice chegou a subir a 48.879 pontos, configurando avanço de 3,1%.
"É um movimento natural de recuperação. Os indicadores internos divulgados hoje não foram positivos, mas a Bolsa brasileira tem caído forte no ano e os preços estão atraentes", diz João Brügger, analista da Leme Investimentos. "Os investidores estão aproveitando o clima ligeiramente positivo no exterior para compra ações no mercado nacional", completa.
Economistas reduziram novamente a projeção de inflação e de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2013 no boletim Focus do Banco Central. A primeira passou de 5,80% para 5,75% e a segunda de 2,31% para 2,28% --décima queda consecutiva.
O mercado avalia ainda a notícia de que os empresários da indústria brasileira estão menos confiantes com o momento atual e também menos otimistas quanto às perspectivas para o setor nos próximos meses, de acordo com pesquisa mensal realizada pela FGV (Fundação Getulio Vargas).
Lá fora, a principal referência ficou com as vendas de moradias usadas nos Estados Unidos, que caíram inesperadamente em junho após dois meses de fortes aumentos.
O resultado alimenta perspectivas de manutenção dos estímulos econômicos naquele país no curto prazo, o que é positivo para os mercados globais uma vez que parte do dinheiro injetado mensalmente na economia dos EUA pelo governo americano acaba sendo direcionada em aplicações de outros países, como o Brasil.
AÇÕES
Quase todos os papéis do Ibovespa registravam variações positivas às 16h33, com exceção de dois: CCR (-0,23%) e Braskem (-0,06%).
"Os setores de siderurgia, mineração, construção civil e de bancos puxam o avanço do Ibovespa hoje", enfatiza Hamilton Alves, estrategista do BB Investimentos. "Os três primeiros estão desafados, caíram muito desde o começo do mês, e agora passam por correção. Já o setor de bancos é impulsionado por resultados", completa.
As ações mais negociadas da Usiminas subiam 7,9% às 16h36, enquanto os papéis mais preferenciais da Vale avançavam 1,82%. No setor de construção, a Rossi Residencial subia 9,19%.
As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da Oi lideravam os ganhos do Ibovespa às 16h39, com alta de 15,11%, para R$ 4,57. "Não há fato novo que justifique a oscilação das ações da Oi. São papéis que estavam caindo muito no ano e passam por correção", avalia Alves.
RESULTADOS
Os investidores seguem atentos ainda a temporada de divulgação de resultados no Brasil. Hoje, foi a vez do Bradesco revelar crescimento de 4,1% no lucro líquido do segundo trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado, para R$ 2,949 bilhões.
Apesar disso, o segundo maior banco privado do país revisou para baixo sua estimativa de crescimento da carteira de crédito em 2013. Depois de terem começado o dia em queda, às 16h31 as ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) do Bradesco subiam 4,14%, para R$ 28,92.
"O resultado veio dentro do esperado. Mesmo que alguns indicadores tenham mostrado desempenho mais fraco, os bancos continuam com lucros robustos, o que gera boas perspectivas ao setor", diz Brügger.
Para o analista da Leme Investimentos, a queda das ações do Bradesco pela manhã reflete a reação imediata do corte anunciado pelo banco em suas projeções para o crescimento da carteira de crédito neste ano.
"Foi uma avaliação rápida, por isso a ação já voltou a subir. A revisão das projeções do Bradesco foi prudente. A economia está crescendo menos, então é natural que haja uma oferta menor de crédito", afirma Brügger.
DÓLAR
No câmbio, o dólar à vista --referência para as negociações no mercado financeiro-- tinha leve alta de 0,16% em relação ao real às 16h40, cotado em R$ 2,233 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial --utilizado no comércio exterior-- caía 0,26%, para R$ 2,234.
O dólar chegou a R$ 2,25 pela manhã, mas perdeu força depois de uma nova intervenção do Banco Central no câmbio e após os dados do setor imobiliário nos EUA alimentarem perspectivas de manutenção dos estímulos naquele país, o que evitaria um enxugamento maior da oferta de dólares nos mercados emergentes, segundo operadores.
O BC realizou um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Foram vendidos todos os 20 mil contratos oferecidos, com vencimento em 2 de dezembro deste ano, por US$ 994,5 milhões.
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