GO - Jovem morta por linha com cerol ia fazer exame de gravidez, diz marido

O marido da jovem Gleice Évelin Galvão, que morreu após ter o pescoço atingido por uma linha com cerol, no último domingo (14), em Goiânia, disse que o casal suspeitava que a jovem estivesse grávida. Segundo Ícaro Sérgio Galvão, de 22 anos, ele mesmo chegou a comprar um exame na farmácia, mas ela não chegou a fazê-lo.

"A Gleice estava com alguns sintomas como enjoo e sonolência. Porém, não houve tempo para confirmarmos se ela estava ou não esperando um filho", disse Ícaro ao G1. No próximo dia 23 deste mês, os dois completariam quatro meses casados.

O laudo sobre a morte de Gleice, que sonhava ser modelo, deve ser divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia em 20 dias. Só depois da emissão do documento será possível saber se Gleice realmente estava esperando um filho. Conforme a diretora do IML, Silvânia Fátima Coelho Barbosa, o útero dela foi retirado para análise. “Quando há suspeita de gravidez é necessário examinar o órgão para comprovar ou não essa informação", explicou.

Tristeza
Ainda bastante abalado com a tragédia, Ícaro disse que está sofrendo muito com a ausência da esposa. "Estou tentando viver, a ficha ainda não caiu. Foi uma coisa muito inesperada", lamenta.

Para superar o momento, o arte-finalista conta com a força da família. Ele e a esposa moravam no Conjunto Santa Rita, região sudoeste de Goiânia, mas, desde a morte dela, passa a maior parte do tempo no Parque Industrial João Braz, na casa dos sogros, a quem agora considera como "outros pais". 

Antes do acidente, Ícaro contou que chegou a comentar com a mulher sobre a quantidade de pessoas, a maioria delas adultas, soltando pipas onde a linha a atingiu. "Estávamos indo embora para casa depois de almoçar em uma tia minha. Quando passei pelo local, disse: \'Olha o tanto de marmanjos soltando pipa\'. Eram entre dez e 15 pessoas. Coisa de um minuto depois, a linha pegou no pescoço dela", recorda.

O jovem lembra que ouviu a mulher gritando e parou a moto em que estavam. Segundo ele, apesar do corte, Gleice ainda estava consciente. Ele então a deitou no chão, colocou sua camisa no pescoço dela para estancar o sangramento e começou a fazer respiração boca a boca.

Durante o procedimento, Ícaro ligou para o Samu e para o sogro, que chegou no local antes da ambulância e levou a filha, com a ajuda de um motorista que passava pela rua, para o Centro de Apoio Integral a Saúde (Cais) mais próximo, no Bairro Goiá. Contudo, ela chegou a unidade de saúde sem vida.

Devota
Apesar de morar em Goiânia, Gleice foi sepultada em Trindade, na Região Metropolitana da capital. Conforme o marido, a mulher gostava muito da cidade e era devota do Divino Pai Eterno, homenageado anualmente no município em uma das maiores festas religiosas do país. "Todos os anos vamos a festa e desta vez não foi diferente. Fomos a pé como de costume. Tínhamos até um plano de comprar um lote lá para podermos construir nossa casa", revela.

Além do amor pelo santo, Gleice também tinha outros familiares em Trindade. A mãe da jovem, Luzinei Vieira de Melo, também frequentadora da festa, diz que agora não tem mais motivos para ir com frequência à cidade. "Ela dizia: \'mamãe, vou montar minha casa lá e vou ficar te esperando para a festa\'. Ela queria um terreno, mas a única terra que tem agora é a do cemitério em cima dela", lamenta.

Gleice morreu no domingo (14) após ser atingida no pescoço por uma linha com cerol, no Setor Parque Paraíso. Ela estava em uma motocicleta com o marido  quando foi ferida na garganta. O caso está sendo investigado pelo 18º DP de Goiânia. 

Sílvio TúlioDo G1 GO