Chuva esfria ânimo de manifestantes em frente à sede do governo do Rio
A chuva forte, seguida de ventos fracos, raios e trovões que começou a cair por volta das 20h30 deste domingo (14), esfriou um pouco o ânimo dos cerca de 300 manifestantes que marcharam do Largo do Machado até o Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, em Laranjeira, na Zona Sul, pedindo a saída do governador Sérgio Cabral. Por volta das 21h30, o mau tempo espantou pelo menos metade dos manifestantes, que em aproximadamente três horas promoveram um ato sem tumulto.
Na concentração para a caminhada, ainda durante a tarde, os manifestantes, em sua maioria jovens, promoveram um sarau de poesias e fizeram performances, sempre criticando a corrupção, a falta de investimentos em educação e saúde, a violência da polícia e os govenador do estado.
Na caminhada, com faixas e cartazes, pediam a saída do governador. Durante todo o trajeto de aproximadamente um quilômetro, os manifestantes foram escoltados por 53 policiais do 2º BPM (Botafogo), mas não houve provocações ou confusões. Os jovens ocuparam inicialmente a pista da Rua Pinheiro Machado, no sentido Zona Sul. Tempos depois, se espalharam também pela pista sentido Zona Norte. Os carros e ônibus quem vinham de Botafogo eram obrigados a fazer um desvio, criado pelos próprios manifestantes, pela Rua Paissandu.
Ao longo das mais três horas do ato, antes que começasse a chover, os jovens cantaram fizeram um apitaço e até queimaram um boneco simbolizando o governador. Um jovem passou mal, recebeu os primeiros socorros de bombeiros que estavam no Palácio Guanabara e depois foi levado numa ambulância do Corpo de Bombeiros.
Sem muros, a sede do governo está protegida por duas barreiras de cercas metálicas atrás do cordão de isolamento feito pelos PMs. Com megafone, um policial disse que a PM estava aqui ali garantir que a manifestação fosse pacífica e acabou vaiado.
Uma barreira de policiais também foi montada na frente da Casa de Saúde Pinheiro Machado, para impedir que o local fosse invadido novamente, como na manifestação do dia 11 de julho. Na ocasião, a polícia lançou bombas de gás no local, o que deixou pacientes em pânico e uma porta de vidro foi quebrada.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o governador, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e a imprensa: "Fora imprensa fascista!" e "Fora Cabral" são algumas das frases gritadas em coro. Ao contrário de outros protestos, não havia pessoas com máscaras ou rostos cobertos.
Em momento algum a PM interveio no andamento da passeata ou do ato. Os manifestantes, cantaram, se sentaram no meio da rua. Uma briga entre um casal de manifestantes quase terminou em agressão, mas os próprios manifestantes trataram de conter os ânimos dos mais exaltados, lembrando que o objetivo do ato era lutar contra o governador e não entre eles.
"As pessoas ficam com os nervos muito à flor da pele. Mas não podemos perder o foco. Nossa luta é contra o Cabral", disse a estudante do ensino médio Clara de Oliveira Fajardo.
Um momento descontração ocorreu quando um ciclista com uma bicicleta com um som improvisado e luzes azuis chegou tocando "Podres poderes", de Caetano Velloso. Mas como esse era o único hit que tocava, a festa logo acabou. Houve quem protestasse.
"Isso aqui não é lugar de escutar música. Viemos aqui para protestar", gritou um manifestante que não se identificou.
Houve protesto quando um entregador de pizza chegou com uma grande encomenda para o Palácio Guanabara. Os manifestantes não deixaram ele fazer a entrega. Quando começou a chover, parte do cordão de isolamento do interior do Palácio se desfez e uma manifestante conseguiu furar o cerco, entrando pelo jardim junto à parede do Fluminense Futebol Clube, e se sentou no gramado, atrás das grades de proteção. Logo a polícia voltou. A jovem foi retirada pelos policiais sem violência. Um outro manifestante também tentou pular as grades mais foi contido.
Com a chuva apertando cada vez mais, os manifestantes, que prometiam resistir, começaram a cantar que "amanhã vai ser maior". Mas ninguém confirmou se haveria um novo ato marcado para Laranjeiras, na segunda-feira (15).
Reforço em Casa de Saúde
Doze policiais militares faziam a segurança da Casa de Saúde Pinheiro Machado, atingida durante protesto na quinta-feira (11). Antonio Crispim, enfermeiro da unidade hospitalar, disse que o reforço não foi feito a pedido da clínica. O funcionário contou que todos estão apreensivos no local, embora acredite que a manifestação esteja pacífica. Segundo ele, a unidade não está aguardando nenhum paciente, como ocorreu da última vez, e que os estragos da confusão de quinta-feira ainda não foram recuperados.
Alba Valéria MendonçaDo G1 Rio
Comentários