Cai número de pacientes em fila de transplantes no Ceará
Ceará 11ª posição no ranking nacional de pacientes ativos na lista de espera
O Ceará aparece neste ano na 11ª posição no ranking nacional de pacientes ativos na lista de espera
O Ceará também se destaca como líder no Norte e Nordeste em número de transplantes de fígado, coração e córneas no 1º trimestre de 2017. O Estado ficou em 2º e 3º lugares nas doações de rim e medula óssea ( Foto: Vanderley Moreira )
As filas de espera por um órgão no Ceará tiveram redução no primeiro trimestre de 2017. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de janeiro a março deste ano, haviam 698 pessoas aguardando por um transplante no Estado. Já no ano passado, em igual período, o número era de 1.243 pacientes. Comparando os dois momentos, é possível identificar uma redução de 42,2% de pacientes, em 2017. Segundo a Central de Transplantes do Ceará, a redução nos números está ligada aos transplantes de córneas.
Em nível nacional, o Ceará aparece neste ano na 11º posição no ranking de pacientes ativos na lista de espera. No ano passado, o Estado se posicionou em 6º, o que aponta a agilidade no tempo de espera por um órgão na Central de Transplante cearense. Conforme a coordenadora da Central de Transplante do Estado do Ceará, Eliana Barbosa, a redução da fila no Estado está ligado à facilidade dos transplante de córneas. "No fim do ano passado, zeramos nossa fila de córnea. Por isso que esse número caiu. A rejeição do transplante desse tipo é raro".
Conforme a coordenadora, o desafio da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) é encontrar doadores de rins e fígado. "O grande problema desses órgãos é a compatibilidade dos pacientes. Os doadores até aparecem, mas a bateria de exames que é feita para saber se há compatibilidade, de cara, descarta muita gente", explica. Ainda segundo Eliana, os hospitais cearenses recebem e ainda levam órgãos para cidades como Rio de Janeiro e Pará.
A mãe do pequeno Davi Guedes de 2 anos, a universitária Karen Guedes, foi uma das que enfrentou com o filho a espera de oito meses por um novo coração. Logo no nascimento de Davi, os médicos detectaram, por exames, que ele possuia uma problema. "O coração dele só funciona de um lado. Parte era atrofiado", conta a mãe. Ela também afirma que, durante o pré-natal, não foi diagnosticado nenhum problema. "Ele nasceu e já foi direto para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Já adiantaram o teste do coração". Os especialistas do Hospital de Messejana descobriram que o bebê aos 10 dias de vida sofria de Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE). Segundo a literatura médica, a doença é bastante rara e ocorre em cerca de 1 a cada cinco mil bebês nascidos vivos.
Nesta condição, por razões desconhecidas, o lado esquerdo do coração não se desenvolve adequadamente enquanto o bebê está no útero da mãe. As partes do coração que são normalmente afetadas são a válvula mitral, o ventrículo esquerdo, a válvula aórtica e a aorta. Em bebês com SHCE, o lado esquerdo do coração é subdesenvolvido e não pode bombear sangue.
O transplante do coração só veio depois de oito meses e várias intervenções cirúrgicas. "Foram três avisos dos médicos para uma possível cirurgia. Entendo a angustia e aflição de cada pai e mãe", comenta Karen.
Quanto ao número de transplantes realizados entre ano, houve um aumento de cerca de 10% em relação ao 1º trimestre de 2016. Segundo a ABTO, foram realizados 373 em 2017 contra 337 ano passado. O maior número de transplantes foi de córneas (243), seguido de fígado (53) e rim (48). Entre os órgãos doados, o número de rins diminuiu cerca de 15%.
Líder
O Ceará também se destaca como líder do Norte/Nordeste em número de transplantes de fígado, coração e córneas no 1º trimestre de 2017. No caso das doações de rim e medula óssea, o Estado ficou em 2º e 3º lugares, respectivamente. O dados são referentes ao balanço mais recente da ABTO. O documento divulgado esta semana aponta que o Ceará registrou ainda 141 potenciais doadores, que são pessoas que morreram por morte encefálica, de janeiro a março deste ano contra os 138 de igual período de 2016. Já quanto ao número de doadores efetivos, o Ceará registrou 52. Em ambas as situações, o Estado também é o principal do Norte/Nordeste.
Os dados tornam ainda mais significativos quando considerada a taxa de doadores por milhão da população (pmp). Enquanto o País no primeiro trimestre ficou em 15,9 pmp, o Ceará atingiu a marca de 23,2 pmp, o que representa também o maior índice entre os estados nordestinos. A ABTO conclui que "o primeiro trimestre parece ser de um ano promissor", apesar das dificuldades econômicas do País, da adequação financeira pelo Ministério da Saúde e do ressarcimento dos transplantes.
por João Lima Neto - Repórter
fonte: diariodonordeste







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