Beija-Flor busca o bi com desfile barroco sobre o Marquês de Sapucaí

Campeã de 2015 faz desfile marcado pelo luxo e abuso do dourado. Neguinho da Beija-Flor completou 40 anos de avenida.

Beija-Flor abusou do barroco e do dourado com desfile sobre o Marquês de Sapucaí (Foto: Rodrigo Gorosito/G1) Do G1 Rio Terceira escola a entrar na Sapucaí neste 1º dia do Grupo Especial, a Beija Flor, a campeã do último carnaval, cantou neste ano a história do político, poeta, compositor e professor dos tempos do Brasil imperial, que dá nome à passarela do samba: Cândido José de Araújo Viana, o Marquês de Sapucaí. Como em outros anos, a escolha de um  enredo de pouco apelo, não foi obstáculo para a escola de Nilópolis, na Baixada Fluminense, apresentar um desfile luxuoso, marcado pela opulência barroca e pelo abuso do dourado, além da tradicional força e empolgação da sua comunidade, que cantou com empolgação o samba com o refrão "Sou Beija-Flor, na alegria ou na dor/ A deusa da passarela é ela!". Assinado pelos carnavalescos Sérgio, Laíla, Victor Santos, André Cezari, Claudio Russo, Ubiratan Silva e a pesquisadora Bianca Behrends, o enredo “Mineirinho genial! Nova Lima – cidade natal. Marquês de Sapucaí – o poeta imortal”, destacou o ciclo do ouro e o barroco mineiro. Na busca pela perfeição, a Beija-Flor levou até um drone que mostrava em tempo real imagens da evolução da escola, de forma a permitir a correção de eventuais falhas. O desfile marcou ainda os 40 anos do intérprete Neguinho da Beija-Flor e os 25 anos de carreira do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso. A azul e branco desfilou com 3.700 componentes, em 40 alas e com 7 carros e um tripé. A bateria, sob a regência dos mestres Rodney e Plínio, veio acompanhada de músicos da Orquestra Maré do Amanhã e teve Raíssa de Oliveira como rainha mais uma vez. A atriz Claudia Raia desfilou como madrinha da escola e levou a família inteira para comemorar os 30 anos de Beija-Flor. "A gente vem pra ganhar. Trabalho foi feito. Espero estar feliz na quarta-feira', disse Laíla ao fim do desfile. A azul e branco coleciona 13 títulos do carnaval do Rio de Janeiro. Em 2015, a escola foi campeã com o polêmico enredo sobre a Guiné Equatorial. Carroça vira igreja na comissão de frente A Beija-Flor retratou na avenida as várias passagens da trajetória do Marquês de Sapucaí, que nasceu em Nova Lima, na época áurea da extração do ouro em Minas Gerais, estudou na Universidade de Coimbra, em Portugal, se tornou um executivo do Império brasileiro, amigo de D. Pedro II, e ficou conhecido pelo apoio à abolição da escravatura. A comissão de frente retratou o trabalho escravo e o ciclo do ouro em Minas Gerais. Os integrantes vieram em uma carroça, que se transformava em uma igrejinha. Durante a encenação, os escravos ganhavam asas, e as portas da igreja se abriam, com um cortinado se transformando em mapa-múndi de onde surgia Marquês de Sapucaí. O abre-alas e até a ala das baianas destacaram o barroco mineiro, estilo que ganhou uma versão singular em Minas Gerais e que costuma estar sempre presente nos desfiles da Beija-Flor. Outro carro decorado com dezenas de candelabros retratou Faculdade de Direito de Coimbra. Predominantemente dourado na primeira parte, o desfile foi ganhando outras cores na segunda parte, fechando em azul e branco, as cores da escola. O desfile terminou com uma homenagem à Avenida Marquês de Sapucaí, que teve a "deusa da passarela" como a primeira campeã da era do sambódromo. Regras Nesta primeira noite de apresentação, se apresentam, pela ordem, as escolas Estácio de Sá, União da Ilha do Governador, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Grande Rio, Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos da Tijuca. Na segunda-feira (8), outras seis escolas complementam os desfiles do Grupo Especial: Vila Isabel, Salgueiro, São Clemente, Portela, Imperatriz Leopoldinense, Mangueira. A campeã será conhecida na quarta-feira (10), quando acontece a apuração dos votos. A última colocada será rebaixada para a série A. Pela regras do carnaval do Rio, as escolas tem entre 65 e 82 minutos para se apresentar. São 9 os quesitos de avaliação: mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, bateria, harmonia, evolução, enredo, samba-enredo, alegorias e adereços, fantasia.

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