Aeroporto de Guarulhos intercepta carga de 102 kg com ratos empalados e abutres mortos

A carga, que inclui ratos empalados e abutres mortos, foi apreendida na última quinta-feira (7)

Entrar no país com produtos de origem animal e vegetal irregulares é proibido pela legislação devido aos seus riscos à saúde pública e à agropecuária nacional

Por Arthur Almeida 12/08/2025 

Na bagagem de um passageiro vindo da Nigéria, auditores fiscais federais agropecuários do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, encontraram 102,35 kg de produtos de origem animal e vegetal com alto risco sanitário. A carga, que inclui ratos empalados e abutres mortos, foi apreendida na última quinta-feira (7), durante a fiscalização realizada pelo Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro).

Em nota enviada à imprensa, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) indica que entre os itens contrabandeados estavam vegetais diversos (13,9 kg), artigos de madeira bruta (7,4 kg), conchas (1,7 kg), peixes (10 kg), ratos empalados (62,7 kg), couro (0,85 kg) e aves (5,8 kg). A mala chamou a atenção dos fiscais, sobretudo, pelo seu mau cheiro.

Riscos do contrabando

Questionado pelas autoridades, o passageiro firmou que uma parte dos itens seria destinada ao consumo, enquanto a outra serviria para rituais religiosos. Apesar disso, a entrada irregular de produtos de origem animal e vegetal, sem o devido controle sanitário, representa uma ameaça real à saúde pública e à agropecuária brasileira. Por isso, é proibida pelas leis nacionais.

Carnes, peixes e vegetais sem inspeção podem carregar pragas, bactérias, vírus e outros agentes contaminantes capazes de comprometer a produção agrícola, a fauna nativa e até causar zoonoses. Animais silvestres, como as aves apreendidas, podem ser vetores de doenças graves, como a influenza aviária, que já provocou surtos em diversos países e ameaça diretamente a avicultura nacional.

Dois abutres africanos africanos estavam na bagagem, interceptada durante revista no aeroporto de Guarulhos — Foto: Anffa Sindical

No total, foram encontrados 102 kg de produtos de origem animal e vegetal ilegais na bagagem — Foto: Anffa Sindical

Em uma das caixas apreendidas, foram flagrados 10 quilos de peixe — Foto: Anffa Sindical

Vale destacar, inclusive, que as duas aves presentes na bagagem foram identificadas como da espécie grifo-africano (Gyps africanus). Considerado como um tipo exótico de abutre, esse exemplar é classificado pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) como criticamente em perigo de extinção.

“Existe um perfil comum entre os passageiros que trazem materiais de rituais e os volumes das malas são bem típicos. Eles são selecionados no raio-X ou pelos cães de faro e depois as malas são inspecionadas caso haja indicações nestas inspeções não invasivas”, explica Montemar Onishi, diretor de comunicação do Anffa Sindical, que também participou da operação recente.

Punição

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi acionado para avaliação ambiental da carga. A autoridade aplicou uma multa no valor de R$ 149,8 mil ao passageiro, e é possível que outras sanções sejam avaliadas no futuro.

O homem também será integrado ao Sistema Brasileiro de Informações Antecipadas de Passagei-ro (Sisbraip). A ferramenta proporciona inteligência e automação na fiscalização de passageiros e bagagens, reforçando a segurança nacional, o controle sanitário e a vigilância agropecuária internacional, além de aumentar a eficiência das operações aeroportuárias. Desde sua implantação em 2022, já foram analisados mais de 399 milhões de passageiros e processados mais de 33,9 milhões de registros de voos.

Para o presidente do Anffa Sindical, Janus Pablo Macedo, ações como essa são fundamentais para a defesa da agropecuária nacional. Daí a importância de se garantir estrutura, tecnologia e inteligência à vigilância agropecuária em aeroportos, portos e fronteiras terrestres.

“É graças ao trabalho técnico e rigoroso dos auditores fiscais agropecuários que o Brasil consegue proteger suas fronteiras contra pragas, doenças e ameaças ambientais. Impedir a entrada de materiais contaminados ou de origem desconhecida é proteger a produção rural, a saúde pública e a credibilidade do país no mercado internacional”, observa Macedo.

https://revistagalileu.globo.com/sociedade/curiosidade/noticia/2025/08/aeroporto-de-guarulhos-intercepta-carga-de-102-kg-com-ratos-empalados-e-abutres-mortos.ghtml