Ceará deve receber R$ 463 milhões em investimentos da indústria alimentícia e gerar mais de mil empregos no Interior

A informação foi dada pela Secretaria de Desenvolvimento do Estado (SDE)

Escrito por Bruna Damasceno e Luciano Rodrigues - 14 de Março de 2025  

O Ceará tem a expectativa de receber R$ 463 milhões em investimentos de fábricas do setor alimentício a partir deste ano, segundo a secretaria executiva da indústria do Estado (SDE), Brígida Miola. Estima-se que os novos negócios gerem 1.139 postos de trabalho em unidades fabris de beneficiamento de coco e seus derivados, produção de ovos, farinhas, massas e biscoitos, além do processamento de açaí e polpa de frutas.

Alinhado ao plano de interiorização da economia da nova gestão, as empresas devem se instalar na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no litoral oeste, leste e no Cariri. Contudo, os municípios e o prazo de implementação não foram informados.

“O cronograma de instalação segue sob responsabilidade de cada empreendimento, e os investimentos devem trazer impactos positivos para o desenvolvimento industrial do estado, consolidando o Ceará como um polo de referência no setor alimentício”, informou a secretária. 

No Estado, o segmento segue em franca expansão. Em 2024, movimentou R$ 17 bilhões, abarcando 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e gerando mais de 51 mil empregos diretos, além de 204 mil indiretos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). 

Legenda: Fábrica da Dikoko em Paraipaba processa coco verde e coco seco. É a segunda maior das Américas em beneficiamento de coco e a quarta maior do mundo

Foto: Davi Rocha 

Crescimento da indústria de alimentação puxou setor supermercadista - 

Foto: Fabiane de Paula 

Legenda: Novas indústrias também irão fabricar massas e biscoitos

Foto: Fabiane de Paula /SVM

Indústria da alimentação deve continuar aquecida no Ceará  

O economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Coimbra, destaca que o segmento tem uma participação expressiva na economia do Ceará, a exemplo da Dikoko, da M. Dias Branco e dos grupos J. Macedo e Três Corações.

"A indústria de alimentos, diferente das demais, está relacionada com uma cadeia muito extensa e, muitas vezes, com as características do desenvolvimento da própria região. No caso do benefi-ciamento do coco, há um parque produtivo bem significativo na produção agrícola na região da Paraipaba, o que ajuda bastante nesse potencial, além do caju e do pescado", avalia.

A Dikoko, por exemplo, pretende investir R$ 196 milhões em Itapipoca, gerando mais de 800 empregos. Conforme Coimbra, na área de massas, boa parte da matéria-prima vem de fora. No entanto, o setor se especializou e ganhou destaque, com participação significativa no mercado. "Esses setores estão relacionados à indústria de transformação de alimentos e têm um papel im-portante. Além disso, há uma tendência de crescimento", destaca. 

O economista Alex Araújo reitera que o setor vivencia um período de progresso e solidificação.

“A chegada dessas novas indústrias corrobora uma tendência de desenvolvimento, impulsionada tanto pelo fortalecimento das marcas locais no mercado nacional quanto pela utilização da oferta de insumos regionais, como coco, frutas, pescados e amêndoas”, lista.

Segundo ele, o Estado tem atraído investimentos nesse segmento por duas razões: o acesso a um mercado consumidor crescente e a abundância de matérias-primas. Tal panorama, conforme o economista, possibilita que as empresas agreguem valor à produção primária local, convertendo insumos regionais em produtos industrializados de maior valor agregado, fortalecendo a economia e criando postos de trabalho. 

Atualmente, Fortaleza vivencia um boom de supermercados, semelhante ao que ocorreu com as farmácias. Para Araújo, a expansão do setor supermercadista está ligada ao crescimento regional da indústria de alimentos. “O aumento da oferta de produtos industrializados regionais impulsiona a demanda do varejo, favorecendo a diversificação e a expansão das redes supermercadistas”, aponta.

“No entanto, vale destacar que o Ceará não é apenas um mercado consumidor, mas também um centro de produção para estados vizinhos, o que significa que parte da produção dessas novas indústrias atenderá não só o mercado interno, mas também o regional”, pondera.

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