Morre doador de sangue australiano, de 88 anos, que salvou a vida de mais de 2,4 milhões de bebês

O Australiano morreu enquanto dormia na Casa de Repouso Penisula Village

Por Crescer 03/03/2025 

James Harrison, conhecido como o doador de sangue mais prolífico do mundo, faleceu aos 88 anos no último dia 17 de fevereiro, enquanto dormia na Casa de Repouso Peninsula Village de New South Wales. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (3), informou o Metro. Por muitos anos, o australiano foi considerado um herói após seu sangue raro salvar a vida de mais de 2,4 milhões de bebês, conforme informações da Cruz Vermelha Australiana Lifeblood.

James ficou conhecido como “O homem do Braço de Ouro” por ter um anticorpo precioso e raro em seu sangue, conhecido como Anti-D — produzido por menos de 200 pessoas em seu país de origem. Essa imunoglobulina é utilizada para fazer medicamentos administrados a gestantes cujo sangue corre o risco de atacar os bebês. O australiano se tornou doador de sangue em 1954 após receber uma transfusão, e, desde então, passou a doar regularmente sem nunca perder uma consulta até completar 81 anos em 2018.

Os anticorpos de James se tornaram cruciais no desenvolvimento de uma cura para a Doença Hemolítica Perinatal (RhD), que ocorre quando há incompatibilidade entre o sangue da mãe e do feto. Nesse caso, os anticorpos da gestante atacam o bebê, podendo levar a quadros graves como danos cerebrais, insuficiência cardíaca ou morte. Antes do desenvolvimento do Anti-D em meados dos anos 60, cerca de um em cada dois bebês diagnosticados com RhD morria.

Australiano salvou a vida de mais de 2 milhões de bebês — Foto: Lifeblood

James começou a doar sangue em 1954 — Foto: Reprodução Metro 

Pesquisadores irão estudar o sangue de James — Foto: Reprodução| Lifeblood

Por isso, o papel de James foi tão importante ao longo desses anos. Em 1999, ele foi premiado com a Medalha da Ordem da Austrália e, de 2005 a 2022, foi reconhecido como o recordista mundial de maior número de plasma sanguíneo doado. “James era um humanitário de coração, mas também muito engraçado”, disse Tracy Mellowship, filha do doador. “Em seus últimos anos, ele estava imensamente orgulhoso de se tornar um bisavô de dois lindos netos, Trey e Addison. Co-mo um portador do Anti-D, ele deixou para trás uma família que pode não ter existido sem suas preciosas doações”, a filha destacou.

Tracy revelou que o pai estava muito feliz e orgulhoso por ter salvado a vida de tantos bebês sem nenhum custo ou dor. O CEO da Lifeblood, Stephen Cornelissen AM, também prestou homenagem a James por sua extraordinária generosidade. “James estendeu o braço para ajudar os outros e bebês que ele nunca conheceria 1173 vezes e não esperava nada em troca. Ele continuou a doar mesmo em seus dias mais sombrios, após o falecimento de sua esposa Barbara, que também era doadora de sangue, e ajudou a inspirar sua carreira como salva-vidas. Ele deixa para trás um legado incrível". 

Agora, os pesquisadores esperam usar amostras do sangue de Harrison para criar um anti-D feito em laboratório, apelidado de 'James in a Jar', que um dia pode ser usado para ajudar mulheres grávidas em todo o mundo. Nunca foi definitivamente provado por que o sangue de Harrison foi capaz de produzir quantidades tão altas de Anti-D, embora tenha sido especulado que a transfusão de sangue que ele recebeu quando jovem pode ter desempenhado um papel nesse fenômeno.

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