Por Mariana Muniz - — Brasília 04/02/2025
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, durante sessão do STF — Foto: Andressa Anholete/STF
Uma eventual denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) até o final do mês de fevereiro. A expectativa de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, é que esta semana ainda não seja entregue nenhum material à Corte.
A interlocutores, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem afirmado de forma reserva-da que o caso exige muita atenção, e nada pode ser feito com pressa. Em novembro de 2024, Bolsonaro e outras 39 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal. As investigações apontaram para o envolvimento do ex-presidente em trama golpista após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
O GLOBO apurou que o procurador-geral da República tem feito análises e ajustes em parte do conteúdo que vem sendo elaborado a partir do material de mais de 880 páginas produzido pela Polícia Federal.
Uma eventual complementação por parte da PF – como informou o diretor-geral da corporação em entrevista ao GLOBO – ainda é aguardada, mas interlocutores da Procuradoria sinalizam que um eventual aditamento da denúncia pode ser realizado e que não há prejuízo ao núcleo central do que está sendo analisado no atual momento.
Caso Gonet opte por denunciar Bolsonaro e seus aliados, o caso será remetido ao ministro Ale-xandre de Moraes, relator do processo no Supremo e, depois, apreciado pela Primeira Turma. No relatório de 884 páginas que encaminhou ao STF no final do ano passado, a PF afirma que Bolsonaro "planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva" em um plano de golpe de Estado para mantê-lo no poder no fim de 2022.
Segundo a PF, os "atos executórios" realizados por um grupo "liderado" por Bolsonaro tinham o objetivo de abolir o Estado democrático de direito — "fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro". Desde que foi indiciado, o ex-presidente tem ne-gado envolvimento em qualquer discussão sobre tentativa de golpe no fim de seu governo.
Além de Bolsonaro, foram indiciados pela PF generais como Braga Netto, que foi da Defesa e da Casa Civil, e atualmente está preso, Augusto Heleno, ex-Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Paulo Sérgio Nogueira, que foi ministro da Defesa e o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier.
https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2025/02/04/pgr-deve-apresentar-denuncia-contra-bolsonaro-ate-o-fim-de-fevereiro.ghtml