O animal recebeu o nome de Araguaia em homenagem ao lugar onde foi encontrado, na região de nascentes do Rio Araguaia. A onça é a 18ª a ser monitorada na região pelo Instituto Onça Pintada.
Por Aline Goulart, g1 Goiás 26/01/2025
Uma onça-pintada de 112 kg foi capturada na região de nascentes do Rio Araguaia, em Mineiros, no sudoeste de Goiás, por pesquisadores do Instituto Onça Pintada (IOP). O animal é considerado o maior felino das Américas e tem uma mordida potente. O lugar faz parte do chamado "corredor da onça'", que liga o Cerrado a Amazônia. A onça recebeu o nome de Araguaia, em homenagem ao lugar onde ela foi encontrada. A onça Araguaia é a 18º onça a ser monitorada na região de nascentes do rio.
Araguaia foi capturada para que pesquisadores possam entender como é o comportamento do maior felino das Américas. A única forma de chegar perto foi sedá-lo. O monitoramento do Instituto será realizado mediante um colar de GPS colocado em volta do pescoço do animal para monitorar onde ele está.
Em cada ponto que o felino parar, os pesquisadores vão analisar o comportamento dele, a biodiversidade do local e o que ele está encontrando pelo caminho. Para os pesquisadores, esse trabalho ajuda a entender melhor a espécie e preservar a onça-pintada. O Instituto, que trabalha com a conservação de onça em todo Brasil, estima que 5.000 onças-pintadas estejam vivendo entre o Cerrado e a Amazônia.
"Sem a coleira de GPS nós jamais iríamos aprender que a onça-pintada pode andar mais de 1000 quilômetros e passar por 12 municípios goianos.", explica Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça-Pintada.
Onça de 112 quilos será monitorada
O trabalho é realizado há 10 anos e pesquisa a região chamada de "corredor da onça'", entre o Cerrado e a Amazônia, pelo Rio Araguaia. Segundo os pesquisadores do Instituto, se existe uma onça-pintada numa determinada região, isso pode significar que essa área está preservada.
Todo esse caminho que a onça percorre é chamado pelos pesquisadores de 'Corredor da Onça', entre o Cerrado, no centro-oeste, até chegar à Floresta Amazônica, na região norte do país.
Corredor da onça
O Rio Araguaia é considerado por estudo científico desenvolvido pelo Instituto Onça-Pintada o melhor corredor ecológico para a onça-pintada. Isso porque possui mais de 3 mil km de extensão conectando os dois maiores biomas brasileiras, Amazônia e Cerrado, e consequentemente, as populações de onças-pintadas que vivem nesses biomas.
Segundo o Instituto Onça-Pintada (IOP), que coordena o projeto, mais de mil quilômetros dessa reserva estão no estado de Goiás, passando por cidades como Aruanã, na região oeste de Goiás, e Luiz Alves, no norte do estado. Conforme o fundador do IOP, Leandro Silveira, cerca de 70% do corredor da onça está em áreas de reserva legal das propriedades ou das unidades de conservação, as áreas protegidas.
De acordo com os pesquisadores do ICP, os corredores conectam uma região de mata a outra e são fundamentais para a preservação das onças. O biólogo Edson Abrão explicou que um corredor ecológico pode ser feito com uma faixa de vegetação com árvores e plantas rasteiras para que o animal se sinta seguro para transitar entre as matas. No caso do "corredor da onça", o Rio Araguaia é o que melhor funciona como corredor para os animais.
Onça-pintada Araguaia caminhando por mata em Goiás — Foto: Divulgação/Ricardo Ribeiro da Silva
'Corredor da onça' no Rio Araguaia, em Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais do IOP
Onça-pintada no Instituto Onça-Pintada (IOP), em Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais do IOP
Monitoramento de onça-pintada na Estação Ecológica de Maracá-Jipioca – Ilha das Onças – Amapá — Foto: Instituto Onça-Pintada/Divulgação
O maior felino das Américas
Maior felino das Américas e maior carnívoro da América do Sul, as onças podem pesar até 158 kg. Considerada um predador do topo da cadeia, a onça-pintada reina absoluta nos ambientes onde vive, alimentando-se de pequenos tatus e cutias a jacarés e antas. Elas controlam populações de presas e são de extrema importância no equilíbrio dos ecossistemas onde estão inseridas.
Como predador topo da cadeia alimentar (nenhuma outra espécie se alimenta dela), a onça-pintada depende de um meio ambiente saudável e com qualidade para sobreviver e se reproduzir. Cerca de metade da distribuição atual da onça-pintada encontra-se em território brasileiro, o que faz do Brasil um país extremamente importante para garantir a conservação da espécie a longo prazo.
No Brasil, a espécie possui uma distribuição relativamente ampla, ocorrendo da região Norte até o leste do Maranhão, partes do Brasil Central e Caatinga, Pantanal e em algumas áreas isoladas no Sudeste do país.
A onça-pintada também tem um dia em sua homenagem: 29 de novembro. A data foi instituída em 2018 por uma portaria do Ministério do Meio Ambiente (MMA), para prestar homenagem à espécie que é símbolo da biodiversidade nacional.
O objetivo é unir esforços globais para a conscientização sobre a importância ecológica, econômica e cultural da espécie. A celebração é uma oportunidade de engajar a sociedade na preservação do maior felino das Américas.
Instituto Onça-Pintada (IOP)
O Instituto Onça-Pintada (IOP) é uma organização não-governamental, sem fins lucrativos, fundada em 2002, e faz manejo de onça-pintada, tanto em cativeiro quanto na natureza, onde desenvolvem projetos de pesquisa nos biomas Amazônia e Cerrado.
Em cativeiro, o IOP mantém um criadouro com o maior plantel reprodutivo de onças-pintadas do mundo, com 42 animais. A ONG também detém o recorde de nascimentos em cativeiro, onde mais de 30 filhotes já nasceram nos últimos 12 anos.
No site do IOP estão registrados todos os projetos de pesquisa do Instituto, como o mapeamento da ocorrência atual da onça-pintada no Brasil, o programa Corredor da Onça, alguns programas de monitoramento das populações de onças-pintadas e suas presas e estudos da percepção humana sobre a onça-pintada no Brasil.
https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/01/26/maior-felino-das-americas-e-mordida-potente-conheca-onca-de-112-kg-monitorada-em-goias-por-pesquisadores.ghtml