O MST de São Paulo classificou a ação como um 'massacre' e criticou a 'falta de políticas públicas de segurança nos territórios da reforma agrária' — Foto: Jorge William/ 14-08-2018
Criminosos teriam disparado contra militantes em uma tentativa de 'massacre', diz movimento; Polícia Civil investiga o caso
Por Samuel Lima — São Paulo 11/01/2025
Ataque a tiros contra militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no acampamento Olga Benário, em Tremembé, no interior de São Paulo, deixou três mortos e cinco feridos na noite desta sexta-feira (10). Depoimentos das vítimas indicaram que criminosos chega-ram em carros e motos e efetuaram os disparos contra a comunidade.
Duas pessoas morreram no local: Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28. Os demais atingidos, com idades entre 18 e 49 anos, recebe-ram atendimento no pronto-socorro de Tremembé e no Hospital Regional de Taubaté, municípios da região do Vale do Paraíba.
Um deles não resistiu aos ferimentos e faleceu na tarde deste sábado— Denis Barbosa de Carva-lho, de 29 anos, segundo informou um dos líderes do MST pelas redes sociais. Ele foi atingido na cabeça e estava em coma induzido. Era irmão de Gleison.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou os assassinatos, que ocorreram na altura da Estrada do Kanegae, em Tremembé. O caso está sob investigação da Polícia Civil de Taubaté.
Os criminosos teriam adentrado o assentamento por volta das 23h da noite desta sexta-feira, utilizando cinco carros e duas motos, e dispararam contra as vítimas, que estavam em um espaço coletivo.
Reação
O MST de São Paulo classificou a ação como um "massacre" e criticou a "falta de políticas públicas de segurança nos territórios da reforma agrária". O ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), por sua vez, declarou nas redes sociais que o crime é "gravíssimo" e cobrou provi-dências. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repostou a publicação de Teixeira.
Comandado por Teixeira, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar publicou nota oficial de repúdio sobre o acontecimento.
"O MDA repudia o crime e manifesta solidariedade e apoio aos assentados da reforma agrária, especialmente às famílias de Valdir do Nascimento e do jovem Gleison Barbosa Carvalho, brutalmente assassinados neste caso", destaca publicação no site oficial do órgão.
Políticos de diversas legendas, especialmente de esquerda, se manifestaram sobre o ataque nas redes sociais. Presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann postou em seu perfil no X: "Violência inadmissível que não pode ficar impune. Toda solidariedade às famílias do Olga Benário."
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/01/11/ataque-a-tiros-a-assentamento-do-mst-deixa-tres-mortos-e-cinco-feridos-no-interior-de-sao-paulo.ghtml